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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, junho 15, 2012

'Meu nome é Teresa, fui pastora da Igreja Metodista e agora sou ateia' 

 


 

Ex-pastora e ateia Teresa MacBain
Teresa foi pastora
por mais de dez anos
No dia 26 de março, uma mulher de cabelos curtos e roupa escura subiu ao palco para dar um depoimento. Suas primeiras palavras foram: “Meu nome é Teresa. Sou pastora de uma igreja metodista, pelo menos era. Eu me tornei ateia”. Na plateia, centenas de pessoas vibraram por mais de um minuto [ver vídeo abaixo], comovendo a ex-pastora, que teve de enxugar uma lágrima.

O depoimento de Teresa MacBain (foto), 44, foi um dos pontos altos da conferência de ateus realizada naquela mês em Bethesda, no Estado de Maryland (EUA). Após os aplausos, ela disse que tinha sido uma "inimiga" deles. A plateia riu.

Emoção no anúncio da descrença

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Pastor americano luterano afirma na TV que não acredita em Deus.
março de 2012

Americano que foi pastor por 25 anos agora prega a descrença


Jerry DeWitt, ex-pastor
Jerry DeWitt: a vida fora do "armário" não é fácil 
Por 25 anos, Jerry DeWitt (foto), 42, percorreu o seu Estado natal, Louisiana (EUA), pregando o evangelho como pastor pentecostal. No ano passado ele causou comoção em seus seguidores ao anunciar que não mais acreditava em Deus. Mas ele continua com o pé na estrada para fazer pregação, agora do ateísmo, e falar como evoluiu da crença para a descrença. Seus ouvintes são humanistas, agnósticos, ateus e pessoas que não se identificam com nenhuma religião. 

O que ajudou DeWitt a sair do "armário" foi o Projeto Clero, que é uma comunidade virtual de sacerdotes ateus de várias religiões, destacando-se entre elas o protestantismo. Eles se comunicam entre si por intermédio de pseudônimos para manter o anonimato. Nos Estados Unidos, existem 200 inscritos na comunidade.

“O projeto me deu confiança para deixar de ser pastor”, disse DeWitt. “Eu sabia que não estava sozinho, que não era um acaso, que eu não era uma aberração de natureza religiosa.”

No Projeto Clero, se discute, entre outras coisas, as dificuldades de quem resolve sair do “armário”, como DeWitt agora está comprovando na prática. A começar pela procura de um novo emprego. Em um país de população predominantemente cristã, não há muitos empregadores dispostos a acolher um ex-pastor que “traiu” seus seguidores.

DeWitt é diretor da Recovering from Religion, uma entidade criada em 2009 com o propósito de suavizar a transição dos sacerdotes descrentes para “a vida real”. O slogan dela é: “Existem milhares de organizações para ajudá-lo na religião, mas agora nós somos o único a apoiá-lo.”

Em suas pregações, ele tem dito que sua fé começou a ficar abalada quando, por obrigação de ofício, teve de ameaçar os fiéis com o inferno, no caso de pecarem. “Eu estava dizendo a pessoas de quem eu gostava que elas poderiam arder no inferno, o que não foi fácil para mim.”

Ele disse que também começou a se sentir incomodado com o suposto poder das orações. Afirmou que os fiéis costumam rezar para obter cura e emprego e a maioria deles só piora. Ele próprio orava para as pessoas, sem que houvesse qualquer resultado, além do fracasso. “E isso esmagava o meu coração.”

Contou também que as contradições da Bíblia reforçaram as suas dúvidas sobre a existência de Deus. Para tentar saná-las, ele pesquisou outras religiões e traduções da Bíblia, e foi quando se deu conta de que a descrença é um caminho sem volta.

DeWitt disse se sentir aliviado, apesar das dificuldades financeiras, e que continua a pregar o que acredita ser o melhor para as pessoas, como nos seus 17 anos, quando iniciou suas atividades religiosas. A diferença é que, agora, o seu evangelho é o da descrença.

Com informação da CNN e The Times-Picayune.

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