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Jerry DeWitt: a vida fora do "armário" não é fácil |
Por 25 anos, Jerry DeWitt (foto), 42, percorreu o seu Estado
natal, Louisiana (EUA), pregando o evangelho como pastor pentecostal. No
ano passado ele causou comoção em seus seguidores ao anunciar que não
mais acreditava em Deus. Mas ele continua com o pé na estrada para fazer
pregação, agora do ateísmo, e falar como evoluiu da crença para a
descrença. Seus ouvintes são humanistas, agnósticos, ateus e pessoas
que não se identificam com nenhuma religião.
O que ajudou DeWitt a sair do "armário" foi o Projeto Clero, que é uma
comunidade virtual de sacerdotes ateus de várias religiões,
destacando-se entre elas o protestantismo. Eles se comunicam entre si
por intermédio de pseudônimos para manter o anonimato. Nos Estados
Unidos, existem 200 inscritos na comunidade.
“O projeto me deu confiança para deixar de ser pastor”, disse DeWitt.
“Eu sabia que não estava sozinho, que não era um acaso, que eu não era
uma aberração de natureza religiosa.”
No Projeto Clero, se discute, entre outras coisas, as dificuldades de
quem resolve sair do “armário”, como DeWitt agora está comprovando na
prática. A começar pela procura de um novo emprego. Em um país de
população predominantemente cristã, não há muitos empregadores dispostos
a acolher um ex-pastor que “traiu” seus seguidores.
DeWitt é diretor da
Recovering from Religion, uma entidade criada
em 2009 com o propósito de suavizar a transição dos sacerdotes
descrentes para “a vida real”. O slogan dela é: “Existem milhares de
organizações para ajudá-lo na religião, mas agora nós somos o único a
apoiá-lo.”
Em suas pregações, ele tem dito que sua fé começou a ficar abalada
quando, por obrigação de ofício, teve de ameaçar os fiéis com o inferno,
no caso de pecarem. “Eu estava dizendo a pessoas de quem eu gostava
que elas poderiam arder no inferno, o que não foi fácil para mim.”
Ele disse que também começou a se sentir incomodado com o suposto poder
das orações. Afirmou que os fiéis costumam rezar para obter cura e
emprego e a maioria deles só piora. Ele próprio orava para as pessoas,
sem que houvesse qualquer resultado, além do fracasso. “E isso esmagava o
meu coração.”
Contou também que as contradições da Bíblia reforçaram as suas dúvidas
sobre a existência de Deus. Para tentar saná-las, ele pesquisou outras
religiões e traduções da Bíblia, e foi quando se deu conta de que a
descrença é um caminho sem volta.
DeWitt disse se sentir aliviado, apesar das dificuldades financeiras, e
que continua a pregar o que acredita ser o melhor para as pessoas, como
nos seus 17 anos, quando iniciou suas atividades religiosas. A diferença
é que, agora, o seu evangelho é o da descrença.
Com informação da CNN e The Times-Picayune.
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