Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, junho 05, 2012

Os padres gostam muito de falar no plural. “Nós” (os ricos), “estamos também sofrendo…”, isto e aquilo…


 

 

O Cardeal espanhol Rouco Varela tenta aproveitar-se do momento de crise financeira em alguns países europeus para ludibriar e criar falsas ideias e saídas da conjuntura. Disse ele: “Não sairemos da crise se não nos convertermos” e que a crise actual “não é só económica e financeira; estamos também sofrendo uma profunda crise moral e de valores”.
Este discurso é do tipo “chapa 5″. Ele repete o mesmo que já temos ouvido há décadas e se procurarmos mais longe o encontraremos também. Nada de novo. Apenas repete o que não foi ele que inventou.
Os padres gostam muito de falar no plural. “Nós” (os ricos), “estamos também sofrendo…”, isto e aquilo…
Em primeiro lugar diria que estarão a colher o que semearam e que “Deus” lhe deu, se existisse; o Espírito Santo inexistente faltou no apoio à Igreja, esta foi abandonada pelos deuses inexistentes, caíram na crise! Dão razão aos ateus que dizem que os deuses não existem. Se existissem deuses seriam pouco solidários ou nada com a Igreja Católica. Não colaboram em nada nesta crise!
Em segundo lugar, o Clero gosta de confundir a Sociedade como um todo, como se tivesse interesses unidireccionais, onde incluem a entidade pública, o Estado, e a Igreja Católica, entidade privada que pertence a um Estado estrangeiro (o Vaticano, essa multinacional). As pessoas têm dificuldade em perceber esta diferença abismal da realidade e o discurso falacioso dos padres. Os interesses públicos e privados são frequentemente contraditórios (veja-se a questão da Igreja não pagar IMI ao Estado espanhol, como exemplo, mostrando uma falta de solidariedade com os espanhóis e as necessidades do Estado em superar os seus défices financeiros).
É sabido que a Igreja Católica presta serviços religiosos e quanto mais clientes tiver, mais rendimentos conseguirá. Então, o Cardeal espanhol tenta passar a ideia de que com a “conversão” tudo ficará bom. Sabemos que os espanhóis têm sido durante muitos anos maioritariamente ligados ao catolicismo. Isto não os livrou da ditadura, nem da guerra civil, nem da actual crise financeira.
Assim, uma vida normal e com bem-estar nada tem a ver com “conversão”. É uma Mentira religiosa do cardeal Rouco Varela. E a Igreja Católica não transformará a vida dos espanhóis. Ela vive dela. É o seu negócio!
*DiarioAteista

Nenhum comentário:

Postar um comentário