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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, junho 11, 2012

Sonia Braga avisa: Lucélia Santos que se cuide

Reescrever a história está se tornando uma obsessão para a Rede Globo. Não bastasse eliminar seus inimigos, a emissora deu agora para apagar até mesmo seus principais colaboradores.
A indignação da atriz Sonia Braga com reportagem sobre o remake da novela Gabriela é o testemunho definitivo sobre o stalinismo que tomou conta das ilhas de edição da Velha Senhora. Para entender tudo, basta recorrer às declarações da própria vítima:
"Fiquei estarrecida ao assistir ao Fantástico de hoje (10). Estarrecida e chocada com o exemplo de mau jornalismo. Na matéria sobre o remake de Gabriela, que terá Juliana Paes no papel (cuja escolha, aliás, achei perfeita) o programa mostrou imagens minhas, na novela original, mas sequer me mencionou como a intérprete original da personagem".
"Das duas, uma: ou foi incompetência ou, pior, falta de respeito mesmo e pura má-fé. Mas isso não chega a ser novidade na emissora. Talvez porque não tenha aceitado trabalhar de graça para eles na divulgação, em Portugal, da novela Dancin' Days. Em troca, preferiram me apagar da história da tevê".
Qualquer brasileiro, até mesmo criancinhas, sabe que a personagem de Jorge Amado foi imortalizada pela atriz que também será para sempre a Júlia Matos, de Dancin’ Days. Não há como jogar a memória de um povo na fogueira do esquecimento.
Quem deve estar preocupada é Lucélia Santos. Sua escrava Isaura corre o sério risco de entrar para a enciclopédia global na pele de Isis Valverde ou outra contratada de plantão. A turma é rancorosa, não está para brincadeira.

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