Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, junho 22, 2012

Vai vendo: Policiais destroem e saqueiam sede da Inteligência da Bolívia



Policiais bolivianos queimam documentos na sede de Inteligencia da Polícia hoje (22/06) em La Paz 
Centenas de policiais saquearam e destruíram a sede da Inteligência da Bolívia, perto do palácio do governo de La Paz. Dezenas de agentes armados e encapuzados estavam no teto, enquanto outros queimaram documentos na rua, quebraram computadores e destruíram o edifício, informou a mídia local.
Os agentes marcharam diante do Palácio Quemado, onde fica o escritório do presidente Evo Morales, e depois atacaram os escritórios da Inteligência da Polícia Nacional.
Radicalização
Os protestos dos policiais de baixa patente tiveram início há duas semanas, mas apenas se radicalizaram durante esta semana. 
Após confronto com policiais de alta patente contrários às manifestações, os oficiais tomaram o quartel da Unidade Tática de Operações Policiais (Utop) nesta quinta-feira (21/06). Os policiais se apossaram do edifício, onde saquearam armas, munições e outros materiais bélicos, como granadas.   
Nas cidades de Cochabamba, Oruro, Potosí e Sucre, os agentes ocuparam os Comandos Departamentais e Tribunais da Polícia e colocaram fogo nos arquivos policiais. Na prisão de San Pedro, presos e guardas estão em rebelião.  
Efe
Policiais bolivianos no principal quartel de Santa Cruz nesta sexta (22/06) em solidariedade com companheiros mobilizados em La Paz 
Em diferentes localidades, os oficiais se retiraram para suas respectivas unidades e mostraram os armamentos com que defendem as ruas. “Se nos provocarem, haverá reação”, afirmou um porta-voz da Associação Nacional de Suboficiais, Sargentos, Classes e Policia (Anssclapol) ao jornal La Razon. 
Diversos bancos já funcionam de portas fechadas sem o apoio das forças policiais. 
Unidades que ainda não abandonaram seu ofício ameaçam aderir ao movimento, deixando as ruas bolivianas sem nenhuma proteção. 
Histórico
As esposas dos policiais começaram a protestar no início do mês para pedir melhora salarial a seus maridos, a revogação da lei 101 do Regime Disciplinar da Polícia, aposentadoria com 100% de seus ativos e a criação de uma Defensoria da Polícia.Localizadas em oito das nove capitais bolivianas, as mulheres realizam greves de fome e vigílias. 
O jornal El Diario descartou a possibilidade do movimento dos policiais procurar desestabilizar o governo de Evo Morales. No entanto, a Agência Efe informou que nesta quinta-feira (21/06) alguns policiais exigiram a gritos a renuncia do presidente.
Negociações 
Em conferência de imprensa nesta sexta-feira (22/06), o Ministro da Casa Civil, Carlos Romero, chamou os representantes das esposas e dos policiais para retomar as negociações com o governo. “O Executivo previu um aumento salarial para o setor”, disse ele. 
Romero também pediu para os policiais pararem de realizar ações violentas que prejudicam os cidadãos bolivianos. Comandantes da Polícia reforçaram o pedido do governo, solicitando calma aos milhares de policiais. 

Ópera Mundi
*Mariadapenhaneles

Nenhum comentário:

Postar um comentário