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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, agosto 23, 2012

O reacionário “Agito das Bucetas” (“Pussy Riot”)


Tristes bonecas de ventríloquo da Amerika & de suas guerras
Paul Craig Roberts, Institute for Political Economy
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Meu coração está com as três mulheres da banda russa Agito das Bucetas [orig. Pussy Riot] – que foram brutalmente manipuladas e usadas por ONGs pagas por Washington infiltradas na Rússia. A banda Agito das Bucetas foi mandada cometer crime, enviada em missão absolutamente ilegal. O pique das moças é admirável. Mas é triste a facilidade com que se deixaram enganar e manipular.
Washington andava à procura de alguma coisa “popular” que pudesse usar para demonizar o governo russo e, assim, puni-lo pelo “crime” de opor-se à decisão de Washington de destruir a Síria, exatamente como Washington destruiu o Iraque, o Afeganistão e a Líbia; e como Washington ainda planeja destruir o Líbano e o Irã.
Mas ofender e atacar deliberadamente locais de culto e crentes religiosos seria denunciado como crime de ódio nos EUA e nos estados-fantoches dos EUA na Europa e no Canadá e na Grã-Bretanha. Então, a banda Agito das Bucetas violou a lei russa. E os EUA viram, ali, o “fato” de que precisavam.
Antes de as mulheres serem julgadas, o presidente Putin dissera que, em sua opinião, as mulheres não deveriam receber pena severa. Acompanhando a opinião de Putin, o juiz condenou as mulheres – enganadas, manipuladas e usadas por ONGs que vivem do mesmo dinheiro que financia as guerras da Amerika – a dois, não aos sete anos de prisão que a lei russa prevê para o crime de atentado à liberdade de religião e culto.
Banda Pussy Riot
As mulheres da banda não foram torturadas, não passaram por “simulação de afogamento” como procedimento de “interrogatório estimulado”, não foram estupradas, não foram obrigadas a assinar falsas confissões, nem foram entregues a governos ditatoriais “amigos” dos EUA para serem torturadas, dentre outras práticas já consagradas no sistema de “justiça” dos EUA.
Tudo levava a crer que, em alguns meses, Putin encontraria meio legal para libertar aquelas mulheres. Nada disso, é claro, poderia ser usado como propaganda a favor do Império Amerikano. Então, a 5ª Coluna paga por Washington e ativa na Rússia entrou em ação para tornar impossível, para Putin, oferecer alguma espécie de indulto às mulheres do grupo Agito das Bucetas.
A tática de Washington, então, foi organizar manifestações, tumultos, quebrar igrejas, destruir prédios públicos e imagens religiosas na Rússia, de modo que Putin fique impossibilitado, ante a opinião pública russa, de comutar a pena das integrantes do Agito das Bucetas.
O que Washington mais deseja é minar o prestígio popular do governo de Putin e semear a divisão dentro da Rússia. É o mesmo processo pelo qual Washington continua a assassinar quantidades imensas de pessoas pelo mundo, ao mesmo tempo em que, simultaneamente, vai criando fatos como a ação e a prisão das integrantes da banda Agito das Bucetas, que são entregues como pasto onde se delicia a imprensa-empresa mercenária – presstitute, em inglês.
Em todo o ocidente, a imprensa-empresa mercenária prostituída por-se-á a denunciar os crimes de Putin contra a banda Agito das Bucetas, não os crimes de Washington, Londres e dos estados-poodles na União Europeia os quais, esses sim, massacram muçulmanos pelos quatro cantos do planeta, ao som de discursos sobre “democracia”.
A disparidade entre direitos humanos no ocidente e no oriente é espantosa. Por exemplo: quando um dissidente chinês dito “militante da liberdade” procurou asilo em Washington, os chineses “autoritários” não impediram que o homem deixasse a China e viajasse à Amerika: se queria ir... que fosse!
Mas quando Julian Assange, o qual – absolutamente diferente da mídia-empresa mercenária ocidental – efetivamente trabalha para oferecer informação verdadeira e confiável aos cidadãos, recebe asilo político do Estado do Equador, a ex-Grã, hoje mini, Bretanha, curva-se ante o patrão norte-americano, e recusa o direito de passagem, para que Assange viaje ao Equador.
O governo britânico não se incomoda com violar a lei internacional, porque foi pago para violar a lei internacional! Washington pagou... e o Reino Unido não se envergonhou de converter-se em estado pária! A que ponto chegaram!
Karl Marx ensinou bem que o dinheiro converte tudo em mercadoria, em coisa que se compra e vende: governo, democracia, honra, moralidade, prestígio, a narrativa histórica, a lei. Nada escapa: tudo se compra e vende. Esse traço do capitalismo já alcançou amplíssimo desenvolvimento nos EUA e em todos os estados-poodles que obedecem aos EUA, cujos governos vendem o interesse dos próprios cidadãos, sempre que Washington estala os dedos. Assim, vão enriquecendo, não os estados, nem os cidadãos, mas os governantes, como Tony Blair, comprado por $35 milhões – preço que, para muitos, foi gigantesco desperdício de dinheiro.
Mandar soldados ingleses combater por interesses de Washington e do Império da Amerika em terras distantes, esse é o serviço que políticos europeus corruptos sempre têm a vender e que políticos norte-americanos corruptos sempre estão dispostos a comprar e compram.
Apesar de todos os conceitos, discursos e ritos enunciados, repetidos e encenados em nome da Democracia Europeia, os povos da Europa e o povo britânico absolutamente nada podem fazer contra o modo como são usados como bucha nos canhões de Washington e morrem pelos interesses de Washington.
Estamos conhecendo nova modalidade de escravidão: sempre que um governo distante alia-se ao governo da Amerika, os cidadãos daquele governo distante passam a ter de servir à Amerika e morrer pela Amerika; são os neoescravos de Washington.
Toda a atenção que a mídia-empresa em todo o mundo trabalhou para atrair na direção da banda Agito das Bucetas – banda obscura, sem nenhum talento conhecido – só serve para comprovar que toda a imprensa-empresa mercenária é a mesma, em todo o planeta e, toda ela, está incorporada numa mesma operação de propaganda dos EUA.
Atenção: a banda Agito das Bucetas NÃO É The Beatles dos anos 1960s. Os jovens que se manifestam a favor da banda nem suspeitam que todos, a banda e eles, estão sendo usados hoje como figurantes em imagens para a televisão. Amanhã ou depois, talvez estejam outra vez na televisão, mas já metidos em sacos de cadáveres, nos quais voltam para casa os soldados de países distantes que morrem nas guerras da Amerika.
Bradley Manning
Há tantas outras questões tão mais importantes, para as quais a imprensa deveria chamar a atenção! Há o caso da detenção ilegal de Bradley Manning, soldado que foi preso e torturado e que continua preso, sem acusação formalizada, pelo governo dos EUA.
Manning já está na prisão, sem condenação e sem culpa formalizada – e em território dos EUA! – há mais tempo do que a sentença a que foram condenadas as mulheres da banda Agito das Bucetas!
Qual o “crime” de Manning? Ninguém sabe. Washington o acusa por ter cumprido o dever, nos termos do Código Militar dos EUA e denunciado um crime de guerra – quando soube que militares norte-americanos haviam assassinado civis, entre os quais dois jornalistas, no Iraque – e por ter “vazado” documentos para WikiLeaks que expuseram ao mundo as mentiras do governo dos EUA.
Quer dizer: Manning é hoje o grande herói dos direitos civis, da liberdade de manifestação e expressão e da democracia no mundo. Por isso, precisamente, a Amerika o deseja preso e torturado, no fundo de uma de suas masmorras.
Julian Assange, de WikiLeaks, acusado de postar na Internet os documentos vazados, está confinado no prédio da Embaixada do Equador em Londres. O regime britânico defensor de direitos humanos, muito estranhamente, se recusa a cumprir a lei internacional e a dar direito de passagem a Assange, que recebeu asilo político e deve viajar ao Equador.
Não há quem trabalhe com leis internacionais e não saiba que o direito de asilo tem precedência sobre outros procedimentos, sobretudo tem precedência sobre golpes, ilegalidades e declarações mentirosas.
Washington armou e financiou terceiros para destruir a Síria e quer fazer o país rachar, dividido entre facções em guerra. Em vez de protestar contra esse ato odioso praticado por Washington, o mundo protesta contra o governo sírio por resistir contra a ameaça de a Síria ser destruída por Washington. Acho que nem George Orwell imaginou que os povos do mundo fossem tão supremamente estúpidos.
Na Amerika da “liberdade e da democracia”, o presidente Obama recusa-se a obedecer ordem de uma corte federal, que lhe ordenou que cesse de violar direitos Constitucionais, claros, perfeitos, dos cidadãos norte-americanos. Em vez de obedecer, o presidente dos EUA desafia a decisão da Corte e mantêm presos cidadãos norte-americanos, sem julgamento e sem acusação formal. E não se veem movimentos e protestos contra essa ação de tirania. Não. Ao contrário, a Amerika é exibida ao mundo como exemplo de democracia. Por que não se veem manifestações e protestos em todas as ruas dos EUA?
*GilsonSampaio

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