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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, agosto 31, 2012


DECISÃO INÉDITA

Militares que atuaram no Araguaia vão responder processos


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Major Lício Augusto Maciel e Major Curió (Fonte: Reprodução/Montagem/Bahia Notícias e AE)

Major Lício Augusto Maciel e Major Curió são acusados de sequestro de militantes políticos

fonte | A A A
Em uma decisão inédita, a Justiça Federal de Marabá (PA) aceitou denúncia contra dois militares da reserva por supostos crimes cometidos durante a repressão à Guerrilha do Araguaia na década de 1970.
A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público Federal. A juíza federal Nair Cristina Corado Pimenta de Castro acatou nesta quarta-feira, 29, o pedido de ação penal do MPF contra o major da reserva Lício Augusto Maciel e contra o coronel da reserva Sebastião Rodrigues de Moura, mais conhecido como Major Curió.

Lei da Anistia

Os dois militares da reserva são acusados de sequestro de militantes políticos durante o regime militar. A decisão da Justiça Federal de Marabá é inédita. Até então, todas as tentativas de responsabilização penal de agentes do governo acusados de violações de direitos humanos haviam sido rejeitadas, sob a argumentação de que os crimes estavam prescritos ou por causa da Lei da Anistia de 1979.
Em março deste ano, o MPF teve negado o pedido de uma ação penal contra o Major Curió, decisão que foi revista pela juíza Nair Cristina.
*NINA

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