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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, agosto 16, 2012

Ideb 2011 consagra o Brizolão

"A solução é o Brizolão , minha jovem".
Saiu no Globo:

Entre as 5 melhores, dois Cieps do Rio

O Rio tem duas escolas entre as cinco melhores do Brasil, nos anos iniciais do ensino fundamental. As duas são da rede municipal. O Ciep Glauber Rocha, na Pavuna, ficou em terceiro lugar no país com o Ideb 8,5. A escola atende à crianças das comunidades Quitanda, Pedreira e Lagartixa. Se hoje o colégio apresenta índices de excelência, nem sempre foi assim.
A diretora da unidade, Ioliris Paes Alves, está há 17 anos no comando da escola. Quando ela começou o trabalho, o colégio era alvo de arrombamentos constantes.
— Já levaram até as panelas da merenda, mas fui atrás e recuperarmos. Nossas principais bandeiras são trazer os pais para a escola, incentivar a leitura e fazer reforço escolar — diz, destacando que não houve ações revolucionárias, mas pequenas ações que fazem a diferença.
Para ela, deve-se dar atenção não só a bons alunos:
— Temos que conhecer as dificuldades de cada criança. Temos que ter um olhar não só para o que desponta, mas para aquele que precisa de atenção também.
A professora Edilsa de Souza Mello esteve com os alunos avaliados.
— Eu acreditava muito neles e trabalhamos. Fizemos até um grito de guerra antes da prova. Hoje nossa escola tem vida — lembra.
Em quinto lugar no país ficou o Ciep Pablo Neruda, na Taquara. O colégio atingiu 8,3. Uma das responsáveis pelo resultado é a professora Maria Celeste Pinto Mendes. Ela acompanhou as duas turmas avaliadas pelo Ministério da Educação. Celeste adotou como tática a aplicação de simulados. Foram treze antes da prova do governo:
Todos queriam gabaritar as provas porque eu dava pequenos brindes. Uma vez, dezesseis alunos gabaritaram. A gente trabalha e gosta de desafios.
O resultado do Ideb 2011 foi es-pe-ta-cu-lar !
Nas duas etapas do Ensino Fundamental – até o 5º ano e até o 9º ano – o Ideb 2011mostra que, na primeira, a média 5 ficou acima da meta (4,6); e, na segunda, a média 4,1 ficou acima da meta (3,9).
No ensino médio, a evolução foi mais lenta.
Passou de 3,6 em 2009 para 3,7 em 2011, exatamente o alvo da meta.
Que bom, não?
Significa que o progresso parte de baixo e, inevitavelmente, se reproduzirá nas etapas seguintes, com o aperfeiçoamento da Educação, especialmente a pública, ou seja, a dos pobres.
Não é preciso dizer que o PiG transformou esse resultado es-pe-ta-cu-lar numa tragédia, a começar pelo trabalho da editoria “o Brasil é uma m…”, do jornal nacional.
A Folha, que exibe um dos mais indigentes padrões de Educação do PiG, diz na manchete: “Novos dados ruins (sic) fazem MEC mudar ensino médio”.
(O que a Folha deveria fazer mudar seu jornalismo no Fundamental e no Médio era copiar o New York Times e trocar o Otavinho pelo publisher da BBC.)
O Conversa Afiada aproveita a oportunidade para, outra vez, louvar o grande estadista Leonel de Moura Brizola.
Ao lado de Darcy Ribeiro e com mão de Oscar Niemeyer, ele criou o Brizolão.
A escola plantada nas regiões mais pobres, em tempo integral.
Roberto Marinho combateu o Brizolão ferozmente, como fazem seus filhos hoje (eles não têm nome próprio) em relação a qualquer iniciativa que dê ao pobre a chance de subir na vida.
O argumento central de Roberto Marinho era que a obra de Brizola ia criar uma geração de desajustados: o garoto passava o dia no bom-bom do Brizolão e, quando voltasse para casa, mergulhava de novo na penúria.
Um deslocado, um meliante em potencial – ia a argumentação.
(E o Mino ainda diz que a elite de São Paulo é a pior do Brasil. É porque ele não conhece a do Rio.)
O candidato de Roberto Marinho à sucessão de Brizola, Wellington Moreira Franco – não foi o Miro Teixeira … – prometeu na campanha preservar os Brizolões.
E, no poder, tratou de desmontá-los.
Hoje, Wellington faz parte do Panteão da Ética do PMDB, o partido que não deixa o Caneta depor na CPI.
Está aí, viva, a Obra de Brizola.
Quem definha, deslocada, é a Globo.
O Brizolão realizou o sonho da Escola Nova, de Anisio Teixeira.
Pouco a pouco, sob a inspiração de Brizola, Darci, Teixeira e Paulo Freire, os governos trabalhistas (Dilma começou Brizolista, não é mesmo, amigo navegante? Nenhum Presidente construir mais escolas do que o Nunca Dantes) começam a educar de baixo para cima e levam o pobre à Universidade.
Com as cotas raciais e as cotas para escolas públicas.
Para desespero do Roberto Marinho, seus filhos (que não têm nome próprio) e seus merválicos “escrevinhadores”.
Em tempo:
Observe, amigo navegante, o nome dos Brizolões de Excelência.
Glauber Rocha e Pablo Neruda.
Fosse em São Paulo se chamariam Di Genio e Paulo Renato.
Paulo Henrique Amorim

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