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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, setembro 01, 2012

Embaixada brasileira em Israel se prepara para emergência

 


Por zanuja castelo branco
Da BBC Brasil
Tensão em Israel leva Embaixada do Brasil a se preparar para emergência
Guila Flint
De Tel Aviv para a BBC Brasil
A tensão crescente em Israel, em decorrência das declarações do governo sobre um eventual ataque às instalações nucleares do Irã, levou a Embaixada do Brasil em Tel Aviv a tomar medidas de precaução e a estudar planos sobre a assistência à comunidade brasileira caso haja uma guerra na região.
O conselheiro Roberto Parente, que é cônsul do Brasil em Tel Aviv e está à frente dos planos de emergência, disse à BBC Brasil que "obviamente há uma preocupação crescente".
"Nossa missão é, dentro do possível, atender a comunidade brasileira quaisquer sejam as circunstâncias. Devemos nos preparar para a possibilidade de que haja uma crise e tenhamos que deslocar brasileiros de áreas de risco e até fornecer alojamentos temporários e alimentação para essas pessoas", afirmou Parente."Estamos observando o clima aqui em Israel e a todo momento há novas manchetes sobre um eventual ataque ao Irã, que por sua vez poderia ter consequências graves", afirmou.
De acordo com a representação em Tel Aviv, atualmente há cerca de 10 mil cidadãos brasileiros que vivem em Israel, além dos cidadãos em trânsito, em visitas de turismo ou de negócios.
"Temos a obrigação de dar atendimento a todos os cidadãos brasileiros aqui, tanto aos permanentes como aqueles que estão em trânsito", disse o diplomata.
Grande parte dos cidadãos brasileiros que se encontram em Israel têm dupla cidadania – brasileira e israelense.
"A maioria deles vive aqui há muitos anos e já criou sua vida aqui. Esses não teriam interesse de deixar o país mas poderiam necessitar de deslocamentos internos", disse o diplomata.
Saída emergencial
Para os brasileiros em trânsito, os planos mais relevantes caso haja uma situação de risco dizem respeito a uma saída emergencial do país.
"Temos que levar em consideração que, em uma situação de guerra o espaço aéreo do país poderá ser fechado, nesse caso o melhor caminho seria ajudar os brasileiros a saírem por vias terrestres, principalmente através da Jordânia", disse.
Outro tema que preocupa o cônsul é a localização da embaixada brasileira em Tel Aviv.
"Caso haja um ataque de mísseis contra Tel Aviv, os escritórios da nossa embaixada deverão ser transferidos imediatamente para a residência".
Os escritórios ficam em um prédio alto no centro de Tel Aviv, que, segundo Parente, "poderá ser uma área de alto risco", já a residência da embaixada fica em um bairro mais afastado, em uma casa mais segura.
Segundo Parente, "o problema principal é a incerteza".
"Não podemos saber ao certo quais serão as áreas de risco e inclusive não podemos saber se haverá algum risco, mas temos que estar preparados para as várias possibilidades", afirmou.
Blefe
Entre os analistas há divergências sobre a probabilidade de um ataque israelense ao Irã antes das eleições americanas. Alguns afirmam que o ataque é "iminente", outros dizem que o ataque é "impossível" e há vários que dizem que "não se pode descartar ambos os cenários".
Para vários analistas, as declarações do governo do primeiro ministro Binyamin Netanyahu "não passam de um blefe para pressionar os Estados Unidos a agirem de maneira enérgica contra o programa nuclear iraniano".
Outros dizem que "o blefe já está indo longe demais".
"Temos, já montada, uma rede de comunicações com a comunidade brasileira, que se multiplica por intermédio de nosso Conselho de Cidadãos", disse Parente, "se houver uma situação de risco essa rede será acionada".
Palestina
Nos territórios palestinos o clima é, nesse sentido, bem mais tranquilo.
A BBC Brasil também conversou com o ministro conselheiro João Marcelo Soares, encarregado de assuntos consulares no Escritório de Representação do Brasil em Ramallah, na Cisjordânia.
O escritório brasileiro em Ramallah tem um plano para reagir a qualquer situação de emergência, desde diversos cenários de conflagração de violência até desastres naturais.
"Em uma situação de crise deveremos acionar nossa rede de contatos com a comunidade brasileira na Palestina, por intermédio do Conselho dos Cidadãos que integra lideranças da comunidade", disse Soares.
"Temos um sistema de comunicação com a comunidade, para qualquer tipo de crise, e esse sistema será aplicado conforme o cenário que se configurar", afirmou.
De acordo com o diplomata brasileiro em Ramallah, cerca de 3,5 mil cidadãos brasileiros vivem nos territórios palestinos, quase todos na Cisjordânia e apenas algumas famílias na Faixa de Gaza.
Pressupõe-se que, se houver uma guerra entre Israel e Irã, mesmo com o envolvimento da milicia xiita libanesa Hezbollah, os riscos nos territórios palestinos seriam bem menores do que nas grandes cidades israelenses.
*Nassif

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