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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, setembro 30, 2012

Lances de um capitalismo moribundo



 

 No pasaran!

Por Cléber Sérgio de Seixas

O capitalismo, em sua variante neoliberal, teima em manter-se de pé e nega confessar-se moribundo. Os fatos, porém, demonstram que o neoliberalismo está em seus estertores e a farra resultante de décadas de enfraquecimento do Estado e hegemonia do mercado está chegando a seu fim.

As conseqüências da crise econômica cuja bolha estourou em 2008 varrem todo o Globo e causam mais estragos naqueles países que insistem em seguir a bula neoliberal. Países que não seguiram os ditames do Consenso de Washington foram e têm sido menos atingidos pelos efeitos da crise. A tsunami decorrente do estouro da bolha chegou aqui como uma marolinha, como certa vez vaticinou o presidente Lula.

No velho mundo, a pesada bota da Troika pisa sobre os direitos de trabalhadores europeus, procurando minimizar a atuação do Estado no que toca ao bem-estar dos mesmos. Já se registram casos de trabalhadores espanhóis que buscam emprego no Brasil para fugir dos baixos salários e do desemprego que assola seu país.

O modus operandi dos magnatas do capital é análogo ao dos primórdios do neoliberalismo nos fatídicos anos 70 e 80. Reduz-se a produção e aumenta-se a especulação. Quando os efeitos danosos se fazem sentir, pede-se austeridade em troca de empréstimos que funcionarão paliativamente e, no futuro, cobrarão mais austeridade que redundará em mais precarização das condições de emprego e salário. Pouco ou nada se diz sobre os lucros exorbitantes dos bancos e do capital especulativo.

Os trabalhadores europeus, com destaque para espanhóis, gregos e portugueses, no entanto, não estão dispostos a pagar a conta resultante da ganância e dos exageros de um capitalismo sem freios, e por isso saem às ruas quando algum pacote de maldades é anunciado pelos governos da |Zona do Euro. Já é notória a atuação dos “Indignados” desde os eventos de 2011 na Espanha, capitaneados pelo movimento 15-M, e nos EUA pelo Occupy Wall Street.

Ontem, centenas de espanhóis se uniram na manifestação batizada de ‘Cerca o Congresso’ (Rodea el Congreso) nos arredores do Congresso de Deputados em Madrid. A polícia foi acionada e reprimiu com violência as manifestações.

Veja alguns lances do confronto no vídeo abaixo.

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