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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, fevereiro 26, 2013


Xiiiii: Nove dos 117 cardeais são suspeitos ou cúmplices de assédio sexual ou pedofilia 

 

Brasil de Fato


Um belga, um irlandês, dois estadunidenses, um australiano, um polonês, um esloveno, um argentino e um mexicano (foto) continuam no grupo que vai escolher o novo papa

Entre os 117 cardeais com direito a voto no conclave – eleição para eleger o novo papa em março – pelo menos 9 são acusados publicamente de terem praticado ou acobertado atos ilegais como assédio sexual e pedofilia. O número, que equivale quase a 8% dos religiosos com poder de decisão no Vaticano, escancara uma das crises institucionais por que passa a Santa Sé.
Para evitar maiores constrangimentos, nessa segunda-feira (25), o responsável pela Igreja Católica, na Escócia, o cardeal Keith Michael Patrick O’Brien, renunciou ao seu direito de participar no conclave. Oficialmente, diz-se que teria partido dele o desejo de renunciar ao cargo de cardeal - por já estar com mais de 75 anos. Mas especula-se que o Vaticano o pressionou a tomar tal atitude por conta da acusação de ter praticado assédio sexual na década de 1980. “Pelo bem que eu tenha feito, agradeço a Deus. Por qualquer falha, peço desculpas a quem eu tenha ofendido”, escreveu em comunicado.
O cardeal foi denunciado por três padres e um ex-religioso da diocese de St. Andrews e Edinburgo por investido sexualmente contra eles. O’Brien disse que desistiu de participar da eleição que escolherá o sucessor de Bento XVI porque não quer que a atenção da mídia se concentre nele e sim no papa Bento XVI e no seu sucessor.
Outro caso de destaque é do cardeal e antigo arcebispo de Los Angeles, Roger Mahony, suspeito de ter acobertado 129 casos de pedofilia por várias décadas. Mahony sofre pressão para que ele deixe de participar do conclave. A presença de Mahony “vai agravar o escândalo e a vergonha da nossa Igreja”, disse a associação de católicosdos Estados Unidos, Catholics United. A petição do grupo, que pede que o cardeal “fique em casa”, teve alcance internacional.
Outro estadunidense, o cardeal Justin Francis Rigali, ex-chefe da diocese de Filadélfia, é acusado de não ter esclarecido casos de pedofilia supostamente cometidos por 37 sacerdotes. Acusação semelhante é feita ao cardeal belga Godfried Danneels, que há três anos teve o seu computador pessoal apreendido por conta de acobertamento de casos de abuso de menores. Já o nome do cardeal irlandês Seán Baptist Brady foi envolvido com uma centena de casos de abuso cometido em orfanatos, escolas e paróquias.
Acusações de mesmo tipo são feitas contra o arcebispo de Sydney, o australiano George Pell; o arcebispo de Cracóvia, o polonês Stanislaw Dziwisz; o prefeito emérito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, o esloveno Franc Rodé; o prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, o argentino Leonardo Sandri; e o arcebispo da Cidade do México, Norberto Rivera Carrera, acusado de proteger o pedófilo e fundador da corrente direitista Legionários de Cristo, Marcial Maciel.
A suspeita ou comprovação da participação em atos como assédio sexual e pedofilia não é suficiente para impedir um cardeal de participar do conclave. A decisão de afastamento, entretanto, pode ser tomada individualmente pelo religioso (Com agências internacionais).
*Mariadapenhaneles

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