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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, novembro 04, 2010

A Insustentável Leveza de Ser Um Laranja Verde




Laranjando a Marina ou Marinando a Laranja?


Muito se falou nos últimos tempos sobre o fenômeno Marina e as influências de sua candidatura nas eleições de 2010. Desde a ida para o segundo turno até a implosão do PSDB estão sendo creditados em sua conta. O  que pouca gente se tem perguntado é sobre seu vice, e suas relações pervertidas com o estado, o mercado e o aval dado a essas práticas pela candidata que escolheu tão mau exemplo para vice.


Está meio na cara que o movimento ecológico é a mais nova trincheira do capitalismo selvagem, que de ecológico nada tem, e de selvagem só quer preservar a si mesmo. 


Não vou entrar nesses detalhes a não ser para apontar algumas idiossincrasias, como por exemplo o fato de o movimento Verde partidário ter iniciado na Alemanha, onde é fortíssimo. Forte ao ponto de ter conseguido incluir na legislação a proibição de instalação de diversas indústrias em diversas áreas de atividades, mas que não lutam para que as mesmas atividades não sejam instaladas em outros países. Exemplo é a Siderúrgica Sul Americana em Mangaratiba. De capital alemão, ela não tem autorização para funcionar em território alemão devido ao seu alto potencial de dano ambiental,  mas pôde ser instalada no Rio sem nem um "Ai meu Deus!" de 'verdes' locais!


Mas a intenção aqui é mesmo falar da irresponsabilidade e da selvageria do Capitalismo demonstrada pelo vice de Dona Marina, o empresário da Natura Guilherme Peirão Leal.


A empresa Natura foi fundada em 1969 por Luiz Seabra e Jean Pierre Berjeaut com o nome de Indústria e Comércio de Cosméticos Berjeut Ltda. Em 79, então instalada em uma antiga borracharia na Oscar Freire, onde o atendimento era feito pelo próprio Seabra, ela recebe   Guilherme Leal como sócio e surge o conceito de venda direta que hoje envolve mais de 1 milhão de 'consultoras'. 


Ora, o que é essa consultoria e como ela se configura como uma perversão neoliberal da economia que nenhum bem traz a economia formal?


A Natura movimenta algo em torno de R$ 4 bilhões por ano com lucro liquido na casa dos R$ 490 milhões (dados de 2007) com aproximadamente 5.900 funcionários, e tem suas ações negociadas na Bolsa de Valores desde 2004.


O problema é a forma como isto é feito.


A Natura compra sua matéria prima direto de comunidades 'sustentáveis' em diversas partes do Brasil e parece não usar atravessadores, mas não há registro de certificação dessa matéria prima, tendo a empresa já respondido e ainda está respondendo a processos no Ibama. 


Ela não gera empregos ou renda formal no campo ou na floresta, são todos estrativistas que se viram por conta própria vendendo direto para a Natura pelo mesmo preço que venderiam a atravessadores, contrabandistas ou piratas biológicos, sem registro, sem entidades, sem reconhecimento, totalmente informais ou quase.


Ela também não gera empregos no comércio ou infraestrutura, utiliza o eufemismo 'consultor' para os vendedores diretos, prepostos que compram diretamente da Natura, via Correios, e revendem através de suas redes sociais, conectadas ou não, trabalhando o network de cada um, mas jamais pagando ICMS, PIS, COFINS ou qualquer tributo ou imposto de qualquer natureza, fiscal ou trabalhista.


É um exército de mais de 1 milhão de pessoas, em sua maioria donas de casa que querem ' 'pagar suas linhas e agulhas' compondo a renda doméstica informalmente (sem nenhum bem para a sociedade). Quanto de impostos não se perde na esperteza desse 'ambientalista'?


Enfim, não sou jornalista, e muito menos investigativo. Meu TDA (Transtorno de Deficiência de Atenção) me impede de me concentrar muito tempo em algum assunto e pesquisar alguma coisa, sem que me distraia e embarque em devaneios que frequentemente me levam a milhões de quilometros do ponto de partida e do ponto de destino original! 


Esses poucos parágrafos me custaram meia hora de leitura e pesquisa no Google, quero deixar a semente da desconfiança para que algum colega mais tenaz e objetivo,  com mais experiência, chegue a resultados mais abrangentes, quiçá contundentes!
(a fortuna do Guilherme está orçada nos 2 bilhões de dólares e ele está entre os 500 mais ricos do mundo)

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