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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, novembro 06, 2010

O novo Fusca e a velha tecnologia

*O novo Fusca

O "Besouro brasileiro" vai voltar!
Vamos matar a saudade! Só que agora de maneira mais arrojada, elegante e tecnológica.
A Volkswagen vai lançar sua nova linha do FUSCA, que já foi o mais cobiçado e amado carro Brasileiro; uma verdadeira paixão nacional.
Nos anos 60 e 70; Calça Lee, Rádio de Pilha e Fusca, todo mundo tinha!
Previsão de lançamento no 1º semestre de 2011.




Tecnologia velha de 100 anos

Falando com o amigo Gilson acerca do biodiesel brasileiro (voltaremos a fala do assunto cedo ou tarde), lembrei dum artigo que  tinha lido há bem pouco tempo.

O tema é: os carros electrícos.

Os automobilistas do Velho Continente, tal como os Norte-Americanos, já sabem: o futuro, segundo as grandes marcas construtoras de viaturas, é eléctrico.

E na prática não há uma casa automobilística hoje que não tenha no meio dos projectos um modelo híbrido (motor a gasolina acoplado com a um  motor eléctrico); alguns já estão à venda, enquanto para os eléctricos "puros" (movidos exclusivamente com o motor eléctrico) será preciso esperar ainda poucas semanas.

Os próximos carros 100% eléctricos terão dois defeito: o preço e a autonomia.

No primeiro caso, os valores anunciados já são ridículos (o já citado Nissan consegue percorrer 160 quilómetros, depois pára), mas na utilização quotidiana são destinados a diminuir ulteriormente.

No segundo caso, um carro horrível como o Nissan Leaf custará 35 mil Euros: quanto um BMW Série 3 a gasolina, mais mais caro (de 2.000 Euros) dum Mazda 6 Turbodiesel.
Mas sabemos como é: estamos a falar de high tech, tecnologia de ponta, expressões máximas da engenharia do século XXI.

Os originais

O carro à direita é um  Model 1316 da Woods Electric, construído em 1912: a velocidade máxima era pouca coisa, 33 km/h, e a autonomia era de 160 km.

O Nissan Leaf atinge os 160 km/h  de velocidade, nada mal.
Pena que nestas condições a autonomia fique extremamente reduzida.
E quanto seria a dita autonomia em condições oprimais?
160 quilómetros, o mesmo valor do Model 1316 de 1912.

Em quase 100 anos de evolução, a industria automobilística conseguiu a mesma autonomia dum carro de 1912.



E que dizer dos tão publicitados híbridos, jóias das coroas dos maiores produtores de carro?

À esquerda o Lohner-Porsche Mixte Hybri, construído entre 1900 e 1905.

Desenvolvido por Ferdinand Porsche, funcionava com um motor eléctrico e um motor a gasolina, atingindo a velocidade máxima de 60 km/h. E tinha tracção integral.

Não era bonito? Não, não era. Porque, o Leaf é bonito?

A verdade é que entre o fim do século XIX e o inicio do XX (até os anos '30), era muito comum ver veículos eléctricos nas ruas, tanto comum quanto ver um carro a gasolina. Aliás: os carros eléctricos eram os mais vendidos.
E a razão era simples: a operacionalidade dos veículos movidos com energia eléctrica era simples (não eram necessárias mudanças), limpa e não barulhenta e a manutenção era reduzida pois não existem radiadores, óleo ou a vela de ignição. 

Na altura a industria ainda não tinha decidido em qual dos dois tipos de propulsão apostar e os veículos eléctricos estavam no mesmo patamar dos a gasolina enquanto prestações.

O primeiro carro a ultrapassar a barreira dos 100 km/h, por exemplo, foi um carro eléctrico (La Jamais Contente, em 1899).

Entre 1910 e 1924 era oferecido um serviço de troca da bateria, praticado pela Hartford Electric Light Company para camiões eléctricos. O proprietário adquiria o veículo da General Electric Company (GVC) sem bateria, fornecida depois pela Hartford: o proprietário pagava uma taxa variável por quilometro e uma taxa de serviço mensal para a manutenção e o eventual armazenamento do camião. Ao longo de 14 anos foram mais de 6 milhões os quilómetros percorridos desta forma. 

Eléctrico vs. gasolina

Mas, afinal, os carros movidos a gasolina acabaram por suplantar os "irmãos" eléctricos. Porquê?

Como resposta é possível fornecer alguns dados: 
  • em 1859 é aberto o primeiro poço petrolífero dos Estados Unidos, em Pensilvânia. 
  • em 1870 é fundada a primeira companhia petrolífera, a Standard Oil, de propriedade dum certo J.D.Rockfeller.
  • Pouco depois,  o governo dos Estados Unidos decidiu não taxar a produção de petróleo.
É preciso acrescentar mais?


Assim, o desenvolvimento do motor eléctrico parou, para favorecer o mais poluente motor de combustão interna.
E agora, passados 100 anos, as casas automobilísticas decidiram voltar a propor a mesma tecnologia obsoleta, desta vez com uma camada high-tech e, claro, preço a condizer.
*informainc



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