A "BOMBA ATÔMICA BRASILEIRA" CRIADA PELO LOBBY ALEMÃO - SERÁ QUE O BRASIL PODE VIRAR UM DIA A BOLA DA VEZ DA OTAN?
Por ocasião da visita do presidente Lula ao Irã, em maio do ano de 2010, a imprensa alemã veiculou um artigo, que até hoje repercurte, de um especialista em assuntos nucleares, o professor Hans Rühle (foto abaixo), no qual ele sugere que o Brasil teria um "programa nuclear paralelo" - o que, no jargão técnico, significa "militar". Em outras palavras, o scholar insinuava que o Brasil estaria tentando construir uma bomba atômica, como o Irã.
O grande "argumento" para defender essa tese era a resistência do governo brasileiro em assinar os "protocolos adicionais" ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). Ora, se assinássemos esses protocolos, teríamos que abrir todas as instalações nucleares à inspeção aleatória e sem aviso prévio da Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA). Além disso, teríamos que permitir o acesso da entidade à tecnologia de enriquecimento de urânio, que desenvolvemos sozinhos, sem a ajuda de nenhum pais, graças ao projeto Aramar. Lá pelas tantas, o artigo do prof. Rühle chega ao ponto e diz que o Brasil está "fabricando um submarino nuclear, que também está vedado aos inspetores. Sabemos que o grau enriquecimento de urânio desse tipo de programa permite a construção de armas atômicas". No fim, ele afirma peremptoriamente que "o programa do submarino é claramente uma cobertura para o programa da bomba nucelar", embora admita que não tenha provas concretas.
Só mesmo a ignorância - o que não é o caso do prof. Rühle - ou a má fé para fazer afirmações desse naipe. Em primeiro lugar, qualquer leigo bem informado sabe que, para ser utilizado em submarinos de propulsão nuclear, o urânio precisa ser enriquecido a taxas de cerca de 20%, enquanto que para fazer a bomba atômica é necessário um enriquecimento de cerca de 90%. E que muitos anos e know how separam um processo de outro.
Mas quem é o professor Rühle? Ele foi diretor de Planejamento do Ministério da Defesa da Alemanha de 1982 a 1988 - e, portanto, um sujeito com estreitas relações com o governo alemão. O artigo, publicado pelo German Council of Foreign Relations, foi republicado pela Der Spiegel e pela Deutsche Welle e reflete o ponto de vista do complexo militar-industrial alemão, incoformado até hoje com a perda de contratos de fornecimento de submarinos para a Marinha brasileira. Como lembra o site defesanet, "até 2009, um forte lobby administrado pelo estaleiro TKNS e junto a interesses nacionais, com a participação da Embaixada Alemã, financiou um serviço de assessoria de imprensa voltado a atacar o acordo da Marinha do Brasil com o grupo (francês) DCNS". Trata-se de um acordo para o fornecimento de quatro submarinos da classe Scorpène e posterior transferência da tecnologia do casco - a única coisa que o Brasil ainda não domina, já que desenvolveu o protótipo para o propulsor - para o futuro submarino nuclear.
O problema é que, antes do governo Lula, parte da Marinha estava comprometida com a indústria alemã de submarinos. Os nossos primeiros cinco submarinos são de origem alemã (Modelo U-214, da HDW/Tyssen Krupp, baseado no IKL-209), todos de propulsão diesel-elétrica. Os alemães não têm a tecnologia de submarinos nucleares e, para continuar fornecendo ao Brasil, era preciso que nós desistíssimos desta opção.
O lobby alemão era muito poderoso e tinha nas mãos ninguém menos que o então chefe do
Estado-Maior da Armada, almirante Euclides Duncan Janot de Matos - posteriormente preso por corrupção -, que estava esperando apenas assumir o comando da Marinha para enterrar de vez o projeto do submarino nuclear. Mas Janot foi para a reserva e o governo retomou o projeto nuclear brasileiro, inclusive o do submarino. Mais: a nova orientação do Ministério da Defesa determinava a necessidade de transferência de tecnologia. Foi quando os franceses entraram na jogada, deixando os alemães furiosos. E muito jornalista desavisado - ou nem tanto - repercutindo a choradeira tedesca.
MARINHA DO BRASIL PRECISA URGENTE DE R $ 223 BI, ATÉ 2030, PARA SER RESPEITADA QUANTO FORÇA DE DEFESA
O fortalecimento do poder naval brasileiro, com o objetivo de garantir a soberania nacional sobre riquezas como as reservas de petróleo, exigirá investimentos de R$ 223,5 bilhões até 2030. Os números foram apresentados pelo chefe do Estado-Maior da Armada, almirante de esquadra Luiz Umberto de Mendonça (foto abaixo), em audiência pública da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), ontem.
Até 2030, disse o almirante, será necessária a aquisição de 20 submarinos convencionais e de seis nucleares, entre outras embarcações, além da constituição de uma segunda esquadra a ser sediada em um estado ainda não definido das regiões Norte ou Nordeste. Com o investimento previsto, explicou, será possível desenvolver os mais importantes projetos da Marinha, como o programa nuclear.
— Não é megalomania. A estratégia de dissuasão é prioritária em tempos de paz e a melhor forma de se evitar conflito armado — afirmou Mendonça durante o painel "Pré-Sal: papel das Forças Armadas na defesa do patrimônio e alocação de recursos para essa finalidade", parte do terceiro ciclo do conjunto de debates promovido pela comissão a respeito dos rumos da política externa brasileira.
Na abertura da audiência, presidida por Cristovam Buarque (PDT-DF) e que contou com a presença de diplomatas de oito países, o professor Simon Rosental, da Escola Superior de Guerra (ESG), observou que o mundo só dispõe de reservas conhecidas de petróleo para os próximos 45 anos — e os Estados Unidos, para apenas dez anos. Em sua avaliação, o século 21 marcará o fim do período histórico de queima de petróleo como combustível.
— O Brasil descobriu o pré-sal quando no mundo as reservas declinam. O que devemos fazer? Utilizar as três Forças conjuntamente para garantir poder de dissuasão sobre toda essa área e defender a soberania e a integridade do país. É comum ouvir que não há necessidade de recursos para as Forças Armadas, pois estamos no Atlântico Sul, o lugar mais tranquilo do planeta. Há certa verdade nisso, mas o erro é o foco. A ameaça vem da linha do Equador para cima — alertou Rosental (primeiro a esquerda na foto abaixo em que aparece ao lado dos coroneis Ramos,ao centro e Heleno, á direita. O coronel Ramos retornou ao Brasil em junho último,após servir por dois anos em Israel como adido militar, tendo assumido agora a importante comissão de Chefe do Estado Maior da Brigada de Infantaria Paraquedista na Vila Militar, uma das unidades de elite do Exército Brasileiro).
Área sensível
O presidente da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate, brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior (na direita da foto acima, com o ex-presidente Lula), afirmou que a região onde estão localizadas as reservas do pré-sal será uma "área sensível" do território brasileiro, pois o país precisará estar preparado para garantir "pronta resposta" a qualquer ameaça externa. Ele informou que será montado para a região um moderno sistema de controle de tráfego aéreo e disse que aguarda "com ansiedade" a decisão final do governo a respeito da compra dos novos caças para a Força Aérea Brasileira (FAB).
— O pré-sal é e será ponto de cobiça. Trata-se de uma riqueza que precisa ser defendida, por isso a dissuasão deve ser permanente — observou Baptista.
Cristovam observou que, se os investimentos para defesa dos recursos do pré-sal forem maiores do que os previstos para a defesa do país, isso deve ser feito com recursos provenientes dessas próprias riquezas e "não da nação brasileira como um todo".
Do jeito que esta.... |
Ana Amélia (PP-RS) ressaltou a necessidade de uma atenção especial à defesa da Amazônia, apesar da ênfase atual à região onde se encontram as jazidas de petróleo.
Fonte: Jornal do Senado
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