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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, novembro 18, 2011

Constelação global se une contra Belo Monte

Opinião Amoral:
Os Bobos da GROBO, estão  do lado de lá da telinha

Constelação global se une contra Belo Monte Foto: DIVULGAÇÃO

Elenco de novela coloca no ar vídeo contra a usina hidrelétrica, mistura realidade e ficção, usa apelo erótico e convoca “primavera árabe” para brecar a construção, mas os argumentos são toscos; é a versão sustentável do Cansei


247 – “De onde tiraram essa ideia de que energia hidrelétrica é energia limpa?”, pergunta a atriz Maitê Proença. “Seria energia limpa se fosse no deserto”, responde a também atriz Letícia Sabatella. Ah, bom. Água no deserto. É com argumentos desse naipe que uma constelação de atores globais se uniu para bloquear a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. O vídeo, com um elenco digno de uma novela das oito, está disponível no youtube. É uma peça de propaganda, organizada por um movimento chamado Gota D´Água, na qual é difícil separar o que é realidade e o que é ficção (assista, no pé deste artigo).
“Neste momento, em todo o mundo, milhares de pessoas estão indo às ruas para protestar e mudar o seu destino”, convoca o galã Sergio Marone. “Vocês entendem que se a gente conseguir uma enorme quantidade de assinaturas, a gente pode parar essa obra”, prossegue Ingrid Guimarães. Parece ser uma convocação para uma primavera árabe brasileira, com viés ambiental.
Mais adiante, vem o apelo erótico. Maitê Proença tira o sutiã para “ficar mais à vontade”. E, do lado de cá, quem assiste fica na expectativa de ver os seios da bela balzaquiana. Enquanto isso, Juliana Paes dá uma piscadinha e diz que ainda está no ar. Sergio Marone também se insinua, ao dizer que não é o Leonardo Di Caprio, mas pedindo também uma assinatura pela petição. Uau: será que os globais tiram a roupa por Belo Monte? Ficam peladões pelos índios do Xingu? No fim do vídeo, passado o clímax, o respeitável Ary Fontoura dá uma lição de moral na presidente Dilma: “Que país a senhora quer deixar para os seus netos?”
Argumentos toscos
Os problemas, no vídeo, são amazônicos. Em primeiro lugar, não fica claro se aquilo é um manifesto espontâneo dos artistas ou uma peça de propaganda, tal a encenação dos atores. Em segundo lugar, os argumentos são frágeis. Quando Eriberto Leão grita pela energia eólica, ninguém lhe pergunta se ele sabe quais são os custos e o impacto ambiental das gigantescas torres de concreto. E quando Bruno Mazzeo fala em colocar os peixes da Amazônia num aquário, ironiza uma situação que, sim, é levada em conta pelas equipes de engenharia que tocam as obras. Tanto no Rio Madeira quanto em Belo Monte, há compensações ambientais significativas.
O mais grave, no entanto, diz respeito ao protesto sobre o custo da obra. “Trinta bilhõooooooooooes”, enfatizam os atores. “O meu, o seu, o nosso dinheiro”, reforça Maitê Proença.
Mas, peraí. Maitê Proença não é aquela que entrou na Justiça para garantir o direito a uma pensão vitalícia do governo paulista de R$ 13 mil? Sim, ela mesma. Como o pai, ex-promotor, e a mãe, morreram, ela teria direito ao benefício eterno se não se casasse. Mas durante anos Maitê viveu com o lobista Paulo Marinho, sem que jamais tenha se casado no papel, apenas para preservar o benefício. E agora ela aparece preocupada com “o meu, o seu, o nosso dinheiro”.
Em vez de tirar o sutiã, Maitê, devolve a pensão!
De fato, o vídeo dos atores globais foi a gota d´água.
Em favor de Belo Monte.
Assista, agora, ao vídeo do Movimento Gota D´Água:

*blogdoamoralnato

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