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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, novembro 12, 2011

Exército de Israel mata rabino por engano ao confundi-lo com palestino

Dan Mertzbach não notou os avisos para parar em uma blitz na Cisjordânia
Palestinos discutem com soldado israelense
em Belém, na Cisjordânia
Um rabino de 55 anos foi morto na manhã desta sexta-feira (11/11) pelo exército israelense quando viajava em direção à cidade de Hebron, na região sul da Cisjordânia. Dan Mertzbach foi confundido com um militante palestino e seu carro acabou sendo atingido por oito tiros. Duas pessoas que estavam no veículo ficaram feridas.
Segundo o governo de Israel, o incidente ocorreu durante uma blitz na qual soldados procuravam um veículo suspeito. Mertzbach não teria notado os avisos para frear o carro e foi alvejado quando os militares perceberam que ele furaria o bloqueio.
Uma das mulheres que ficaram feridas no tiroteio disse ao portal israelense Ynetnews que o rabino acelerou o carro quando ouviu os disparos. "Como moradores dos territórios ocupados, quando ouvimos tiros nós tentamos fugir do local o mais rápido possível. [Martzbach] acelerou, e o soldado, ao invés de gritar, ou atirar para o alto, nos pneus ou na parte inferior do corpo, atirou na cabeça e no pescoço rabino", protestou.
Centenas de israelenses foram as ruas para se manifestar contra a morte do religioso. O Ministério da Defesa disse em nota oficial que Dan Mertzbach será reconhecido como uma vítima de um “ato terrorista”, mesmo tendo sido atingido pelas forças de segurança israelenses, de acordo com informações do jornal Jerusalem Post. Isso permitirá que sua família receba ajuda governamental. O rabino era casado e pai de cinco filhos.
*comtextolivre

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