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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, novembro 11, 2011

Globo blinda selecinha do Mr. Teixeira


 


Se o Mr Teixeira não cair antes, bye-bye 2014


O Conversa Afiada reproduz Mauricio Stycer, no UOL:

Cleber Machado e Casagrande evitam críticas à CBF por amistoso com Gabão

No esforço de tornar interessante um amistoso sem nenhum atrativo, disputado por uma seleção brasileira desfigurada e o Gabão, 68º no ranking da Fifa, Cleber Machado e Casagrande se desdobraram em comentários, informações e os tradicionais exageros. Só não fizeram uma pergunta essencial: por que o Brasil se sujeitou a um jogo desses?


Para todo mundo que assistiu à partida, esta era a questão essencial: o que a seleção estava fazendo no meio daquele lamaçal? Cleber e Casagrande até constataram e lamentaram o estado do gramado, mas não acharam necessário questionar a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) por aceitar disputar um amistoso nestas condições.


Cleber preferiu desfiar conhecimentos de almanaque (talvez da Wikipédia) sobre o Gabão a perguntar sobre o sentido desta partida. “O presidente do Gabão gosta muito de futebol”, disse. “O país tem minérios”, observou.


É verdade que o narrador até ameaçou uma crítica a respeito da escolha do adversário do Brasil. “A seleção de Gabão não é uma das mais tradicionais da África”, disse. “Uma seleção que não tem tradição mesmo no continente africano”. Mas logo compensou, observando: “O Brasil vai enfrentar um time empolgado, que joga a partida mais importante da história do país”.


Mauro Naves, direto de Libreville, bem que levantou a bola para um assunto polêmico: Mano Menezes chegou neste amistoso a 60 jogadores diferentes. Mas nem Cleber nem Casagrande acharam que era um bom tema e não comentaram nada a respeito.


Ao final da transmissão, quando faltavam dois minutos para o encerramento da pelada, a dupla finalmente deixou escapar uma observação mais contundente, cobrando um time e amistosos contra equipes mais qualificadas. Em resumo, um amistoso absurdo, de baixa qualidade, com uma transmissão que falou muito, mas disse pouco.

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