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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 16, 2011

Governo português propõe acabar com feriados religiosos; igreja reage

Dom Policarpo impôs condição para
que haja extinção de dois feriados
O ministro de Portugal Álvaro Santos Pereira, da Economia, está propondo acabar com feriados religiosos como uma das medidas de combate à recessão.
A Igreja Católica reagiu com o argumento de que só o Vaticano pode acabar com esse tipo de feriados e que, nesse sentido, Portugal assinou um acordo com a Santa Sé.
Dom José Policarpo (foto), presidente da CEP (Conferência Episcopal Portuguesa), disse que a igreja concorda com a eliminação de dois feriados, o de Corpus Christi (entre maio e junho), e o da festa de Assunção de Nossa Senhora (15 de agosto), desde que haja a extinção da comemoração de duas datas cívicas.
O governo já cogitava acabar com dois feriados cívicos, o da Restauração a Independência (1 de dezembro) e o da Implantação da República (5 de outubro) e, por isso, poderá fazer um acordo com a Igreja Católica. Policarpo já adiantou que o Dia da Imaculada Conceição (8 de dezembro) é inegociável.
A Associação Cívica República e Laicidade mandou ontem (14) uma carta ao governo argumentando que a Igreja Católica “não tem de impor condições” porque o Estado é laico.
Portugal tem 14 feriados nacionais. Deles, 7 são religiosos, incluindo o Natal.
 
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*comtextolivre

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