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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, novembro 03, 2011

Pedintes não podem escolher a quem pedir


Europa 'pedinte' não pode escolher a quem pedir, diz analista 
Rogerio Wassermann
Enviado especial da BBC Brasil a Cannes

Os países europeus em dificuldades financeiras tentam a partir desta quinta-feira, na reunião de cúpula do G20 realizada em Cannes, na França, convencer os grandes países emergentes, como o Brasil e a China, a ajudá-los. Para analistas ouvidos pela BBC Brasil, os europeus devem deixar de lado um possível orgulho e admitir que não têm condições de deixar a crise sozinhos.

"Pedintes não podem escolher a quem pedir", afirma John Kirton, professor da Universidade de Toronto e diretor do G20 Research Group, que se dedica a acompanhar e analisar a atuação do grupo que reúne as principais economias do planeta.

Para ele, as resistências na opinião pública europeia à busca de ajuda entre os antigos "pobres" e a possível submissão às condições impostas para essa ajuda, como ter de seguir a cartilha de políticas do FMI, devem ser deixadas de lado por conta da necessidade.

"Certamente os italianos, por exemplo, não gostariam de receber ordens do Brasil ou da Rússia, mas se a Itália não conseguir equilibrar suas contas irá à falência e precisará de um resgate. E os países desenvolvidos sozinhos não têm condição de resgatá-los, quem pode fazer isso é o G20", diz.
Uma posição semelhante foi manifestada por Thomas Bernes, diretor-executivo do Centro para Inovação em Governança Internacional (CIGI) e especialista em G20. Para ele, "o orgulho europeu será ferido, mas há um crescente reconhecimento de que mais esforços serão necessários para conter a crise".
*esquerdopata

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