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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, dezembro 05, 2011

Celac exige o fim do bloqueio norte-americano a Cuba

Pelo rompimento unilateral do bloqueio a Cuba, foi-se o tempo em que o império ditava os rumos da América Latina.


Os 33 países que formam a recém-nascida Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribe) expressaram neste sábado (03/12) sua "mais enérgica rejeição" ao bloqueio dos Estados Unidos a Cuba. Os países-membros exigem, em uníssono, que se ponha fim ao que consideram uma medida "coercitiva".
Em um documento especial assinado no final da cúpula constitutiva da Celac, em Caracas, o organismo reivindicou que o governo norte-americano "ponha um fim no bloqueio econômico, comercial e financeiro" que mantém contra Cuba desde 1962, por se contrapor ao direito internacional e em cumprimento de sucessivas resoluções da Assembleia Geral da ONU.
"Este bloqueio causa vários e injustificáveis danos ao bem-estar do povo cubano e afeta a paz e a convivência entre as nações americanas", continua o texto.
Os signatários da Celac consideraram o embargo como parte de medidas "coercitivas e unilaterais aplicadas por motivos políticos".
Para os 33 países latino-americanos e caribenhos, o bloqueio foi concebido para impedir" os cubanos a exercer seu direito de decidir, pela própria vontade, seus próprios sistemas políticos, econômicos e sociais.
O grupo também exortou o governo dos EUA a pôr fim à aplicação de leis "contrárias ao direito internacional" como a Helms-Burton, que reforça o embargo permitindo abrir processos contra as empresas estrangeiras que negociem com propriedades confiscadas dos norte-americanos pelo governo de Cuba.
Cuba é um dos 33 membros da Celac, o novo organismo de integração americano no qual não estão EUA e Canadá. A ilha também presidirá a cúpula de 2013, depois do Chile no próximo ano.
*Cappacete

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