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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Estudante que ofendeu nordestinos é processada por racismo

Justiça decide abrir ação contra Mayara Petruso, que fez declarações no Twitter no auge da campanha presidencial de 2010.
A estudante de Direito Mayara Petruso, que no ano passado defendeu o assassinato de nordestinos na rede social Twitter, agora é ré em um processo criminal por racismo. A Justiça Federal em São Paulo aceitou a denúncia do Ministério Público Federal pedindo a abertura da ação, com base em mensagens postadas na internet e no depoimento da própria estudante.
Em novembro do ano passado, quando as pesquisas de boca de urna anunciaram a vitória de Dilma Rousseff na eleição para a Presidência da República, Mayara postou a seguinte mensagem em sua página no Twitter: “Nordestisto (sic) não é gente. Faça um favor a Sp: mate um nordestino afogado!”.
A pena para o crime de racismo vai de três meses a um ano de prisão mais multa. Como o crime foi cometido por meio de um veículo de comunicação, pode ser elevada para até cinco anos de cadeia.

Segundo o MPF, Mayara confirmou em depoimento que é a autora dos comentários. Em entrevista ao iG em novembro do ano passado, o comerciante Antonio Petruso, pai da estudante, disse estar "surpreso, decepcionado e envergonhado” com a atitude da filha. Petruso se declarou eleitor de Dilma.
Além disso, MPF confirmou a materialidade de uma mensagem publicada também no Twitter por Natália Campello, residente em Recife (PE): “O sudeste é um lixo, façam um favor ao Nordeste, mate um paulista de bala :) VÃO SE F... PAULISTAS FILHOS DA P...”. Segundo o MPF, as duas mensagens são igualmente racistas. No entanto, as autoridaedes ainda não conseguiram identificar Natalia corretamente, e sabem apenas que ela mora no Recife.
A ação contra Mayara resultou da manifestação feita na época por várias pessoas e entidades de classe, entre elas a OAB de Pernambuco. No dia 5 de novembro de 2010, a seccional da Ordem apresentou uma notícia-crime contra Mayara ao Ministério Público de São Paulo. O presidente da OAB-PE, Henrique Mariano, afirmou que devido ao fato de todos os elementos comprovarem a prática de crime pela internauta, a entidade tomou a iniciativa de promover a ação penal".
Para o presidente da OAB-PE, a estudante praticou, ao mesmo tempo, os crimes de racismo e de incitação pública à pratica delituosa. Ele citou como exemplo outra recente manifestação de uma usuária do Twitter, também de cunho racista, após a realização do jogo Ceará x Flamengo, quando o time cearense saiu vencedor. "Isso não pode crescer. Enquanto não houver uma punição exemplar, esses crimes continuarão sendo cometidos", afirmou. Com reportagem de Renata Baptista, iG Pernambuco
*Blogdamilitância

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