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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, dezembro 18, 2011

Merval Pereira é uma ficção da Globo

Contra fotos não há argumentos!

Merval Pereira, o novo imortal (ou será imoral?) da Academia Brasileira de Letras, demorou a escrever sobre o livro “A privataria tucana”. Quando resolveu fazê-lo, o serviçal da Rede Globo esbanjou ressentimento e ingratidão. Na sua posse na ABL, ele mesmo havia elogiado o jornalista Amaury Ribeiro, jactando-se de tê-lo “dirigido” numa reportagem em 1999 que ganhou o Prêmio Esso.
Hoje, no artigo “A ficção do Amaury”, no jornal O Globo, ele utiliza os mesmos argumentos dos privatas tucanos para desqualificar o premiado “amigo” de redação. Afirma que Amaury Ribeiro “foi indiciado pela PF por quatro crimes”, apoiou Dilma e que “o livro faz parte da sua atividade como propagandista da campanha petista e, evidentemente, tem pouca credibilidade na origem”.
Bajulador pegajoso dos tucanos
A maior parte do texto, que parece ter sido obrado junto com algum grão-tucano, tenta justificar as privatizações efetuadas no reinado de FHC. Neste caso, Merval Pereira é coerente. Ele sempre foi um entusiasta neoliberal da privataria e um bajulador pegajoso do ex-presidente. Nunca escondeu o seu ódio preconceituoso a Lula, o que lhe rendeu um “livro” e uma cadeira na decrépita ABL.
Além de elogiar as criminosas privatizações, o maior assalto ao patrimônio público da história do Brasil, Merval também se esforça para inocentar os chefões do PSDB, principalmente Serra, das várias denúncias – todas fartamente documentadas no livro – de corrupção, lavagem de dinheiro em paraísos fiscais, quebras de sigilos financeiros, arapongagens e outros crimes. Os tucanos são santos!
A inveja é uma merda
Talvez por dor de cotovelo, o tedioso comentarista da TV Globo afirma que o livro “é um sucesso de propaganda política do chamado marketing viral, utilizando-se dos novos meios de comunicação e dos blogueiros chapa-branca para criar um clima de mistério em torno de suas denúncias supostamente bombásticas”. A inveja realmente é uma merda!
Neste trecho, Merval destila seu ódio também contra a blogosfera e defende seus patrões, os barões da mídia. Para ele, a chamada “grande imprensa” acertou ao não dar destaque para o livro de Amaury Ribeiro. “Por ter mais responsabilidade que os blogueiros ditos independentes, mas que, na maioria, são sustentados por verba oficial e fazem propaganda política, ela demorou mais a entrar no assunto, ou simplesmente não entrará, por que precisava analisar com tranqüilidade o livro”. Haja cinismo!
No que se refere às verbas oficiais, talvez sem os bilionários recursos em publicidade, que o governo Dilma insiste em despejar nas contas da Rede Globo, ele perderia o seu empreguinho. Já no tocante à “propaganda política”, ele e outros “calunistas” deveriam fazer parte da folha de pagamento dos tucanos e rentistas – talvez num paraíso fiscal. Merval não passa de uma ficção da Rede Globo!

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