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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, dezembro 12, 2011

O que o Vaticano, o fim do socialismo soviético e a privataria tucana tem em comum?

por Sergio Bertoni
do ParanáBlogs 

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À primeira vista, o Vaticano, o fim do socialismo soviético e a privataria tucana nada tem em comum e são considerados, por alguns,  fenômenos “isolados” no tempo e no espaço.
Porém, 3 livros publicados nos últimos 18 meses, Vaticano S.A (Gianluigi Nuzzi, Larousse, 2010),  Economia Bandida (Loretta Napoleoni, Difel, 2010)  e A Privataria Tucana (Amaury Ribeiro Jr., Geração Editorial, 2011) mostram que os 3 “fenômenos” tem em comum o modus operandis neoliberal de desvio criminoso de dinheiro público, sempre lavados por empresas ou bancos off-shores, e seu investimento em negócios legais ou espúrios,  fazendo com que de uma forma ou de outra a grana desviada volte aos corrputos e corruptores na qualidade de dinheiro limpo, legalizado no sistema bancário-financeiro internacional.
A lavanderia do Vaticano, através de seu IOR – Instituto para Obras Religiosas, também conhecido como Banco do Vaticano, pode ser considerada a mais antiga encravada na Europa continental, bem no centro de Roma.
Os esquemas relatados no livro de Gianluigi Nuzzi remontam ao papado de Paulo VI e conta como a grana ilegal de políticos,  empresários e bispos de vários países eram legalizados pela off-shore IOR, ou seja, Banco do Vaticano.
Baseado no arquivo secreto do Monsenhor Renato Dodozzi, morto em 2003), Vaticano S.A. revela escândalos políticos e financeiros da maior Instituição Religiosa do Mundo: a Igreja Católica Apostólica Romana.

O imenso arquivo do Monsenhor Dodozzi, que trabalhou no IOR, ficou guardado na Suíça até a sua morte e hoje acessível a todos, revela uma verdadeira e própria “lavanderia de dinheiro” no centro de Roma, utilizada também pela máfia e por inescrupulosos aventureiros políticos. Um paraíso fiscal que não se submete a nenhuma legislação, a não ser às sacras leis do Estado do Vaticano.
O livro mostra também como fundos “pessoais” do papa João Paulo II foram usados para financiar o sindicato polonês Solidariedade contra o regime socialista soviético.
Economia Bandida chegou ao Brasil após lançamentos de sucesso na América do Norte e Central, Europa e Ásia. Nele, Loretta Napoleoni disseca a extensa rede de ilegalidade existente no planeta – da indústria do sexo na Europa Oriental à rede chinesa de pornografia online, passando pela comercialização do Viagra e pelo tráfico de diamantes na África.

Não é um livro sobre as origens obscuras dos produtos que consumimos nem sobre as mentiras das campanhas publicitárias dos propagandistas da eterna juventude. Tampouco se trata de um manual antiglobalização ou de um manifesto pela revolução do consumidor.
Mostra o que há de comum entre o próspero comércio sexual do Leste Europeu, o escândalo dos empréstimos hipotecários podres nos Estados Unidos, a indústria chinesa de produtos falsificados e a filantropia das celebridades na África.  Descreve como biopiratas exploram a indústria do sangue, como os bandidos da pesca devastam os altos-mares, como a pornografia se desenvolve virtualmente no Second Life e como jogos como o World of Warcraft geram “suadouros” on-line, levando-nos a concluir que as indústrias bandidas estão se transformando em impérios globais e tornando-se regra descarada do sistema capitalista que antigamente procurava disfarçar-se sob negócios tidos como legais.
Mostra, enfim, como o mundo vem sendo remodelado por forças econômicas obscuras que vitimam milhares de pessoas comuns cujas vidas foram aprisionadas na fantasia do consumismo mundial. Napoleoni revela a arquitetura de nosso mundo.
Por sua vez, A privataria tucana nos traz a arquitetura de nosso Brasil “moderno” e, de maneira chocante e até decepcionante, relata a dura realidade dos bastidores da política e do empresariado brasileiro, em conluio para roubar dinheiro público.

Faz uma denúncia vigorosa do que foi a chamada Era das Privatizações, instaurada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso e por seu então Ministro do Planejamento, José Serra. Nomes, até agora blindados pela aura da honestidade e pela imprensa nacional, surgirão manchados pela descoberta de seus malfeitos.
O livro traz os documentos secretos e a verdade sobre o maior assalto ao patrimônio público brasileiro e o trânsito de fortunas tucanas até os paraísos fiscais.
O leitor perceberá que nas 3 publicações citadas tudo é SAGRADO, desde que garanta aos  neoliberais e a seus operadores os maiores, mais fáceis e rápidos lucros possíveis, pouco importando a origem ou legalidade das operações em que eles se envolvam.
Interesses  e direitos HUMANOS, nacionais, religiosos, políticos, economicos, sociais ou populares são descaradamente atropelados em nome do rápida e absurda concentração de renda e riquezas do vale-tudo do TUDO PELO CAPITAL.
*Tecedora

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