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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, dezembro 02, 2011

Última entrevista de Leonel Brizola

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/19/Dilma_Rousseff_Leonel_Brizola.png
*Blogdamilitância

Leonel Brizola: a última entrevista — Ele não tinha complexo de vira-lata


Brizola: herdeiro de Getúlio, nacionalista que sofreu 15 anos de exílio


O ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio e Janeiro por duas vezes que nacionalizou empresas estrangeiras, organizou a resistência contra o golpe militar por intermédio da Campanha da Legalidade e construiu cerca de cinco mil escolas de primeiro e segundo graus, além de amargar 15 anos de exílio, mostra-se, em sua última entrevista em 2004 (ano que faleceu), como sempre, preocupado com o Brasil e os brasileiros.


Em uma parte da entrevista, o político republicano e trabalhista fala sobre a questão energética e explica como os estrangeiros, que ele chama de imperialistas, procedem para impedir o desenvolvimento do povo brasileiro, com a cumplicidade e o apoio imprescindíveis das oligarquias, das elites brasileiras, que sempre se associaram aos interesses do que eles, com imenso complexo de vira-lata, consideram, de forma subserviente, ser a sua Corte.

 
Contudo, essa realidade não convence a uma parcela de brasileiros, estratificada em grupos econômicos, como a mídia velha, o sistema de mercados de capitais e setores conservadores empresariais do campo, da indústria, da Igreja e da classe média que acha que um dia vai ser rica, lê a revista Veja, o O Globo, a Folha de S. Paulo e considera que os programas de TV fechada Saia Justa e Manhattan Connection são cool e fashion e adoram falar as palavras cool e fashion. É Chique e lembra Miami — a Corte deles.


Por sua vez, essa gente, além da imprensa privada golpista, considera o governo neoliberal de FHC ótimo. Foi tão “ótimo” que os tucanos (PSDB) nunca mais ganharam as eleições para a Presidência da República. A verdade é que essas pessoas desprezam o Brasil e o povo brasileiro, afinal a nossa sociedade escravizou seres humanos por 350 anos — um recorde — e esta realidade e verdade está enraizada profundamente no subconsciente e na consciência desses segmentos sociais que se consideram “superiores” apesar de, indubitavelmente, não sê-los, porque superior é o povo trabalhador do Brasil. Chique, cool e fashion é o povo. E sabe por quê? Porque não tem complexo de vira-lata. O grande brasileiro gaúcho Leonel de Moura Brizola sempre soube disso.


Em tempo: Brizola, infelizmente, não teve a oportunidade de ver a crescimento social e econômico do povo brasileiro no decorrer do Governo Lula e agora no governo de Dilma Rousseff, bem como não teve a satisfação de ver o Brasil ser muito respeitado pela comunidade internacional. O líder trabalhista também não viu a presidenta do FMI, Christine Lagarde, chegar ontem ao Brasil de joelhos e com o pires na mão pedir dinheiro e receber um altissonante não, tal qual ao que acontecia no governo do vendilhão da Pátria e neoliberal FHC, que, como hoje procede o FMI, ficou de joelhos e de pires na mão por TRÊS VEZES, a humilhar o Brasil e seu povo.


É isso aí.
*Oterrordonordeste

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