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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, setembro 08, 2012


Fernando Haddad: "O Estado deve "respeitar as igrejas" e defender a liberdade religiosa, mas sem usá-las como instrumento para pedir votos"

vi no blog Maria da Penha Nêles 

 


Em seu mais duro ataque ao engajamento de igrejas evangélicas em campanhas rivais, o candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse ver "risco de fundamentalismo" na mistura entre fé e política.

A crítica foi endereçada ontem ao líder das pesquisas, Celso Russomanno (PRB), que tem ampliado os apoios entre líderes religiosos.

Reportagem publicada ontem no jornal "O Estado de S. Paulo" mostrou que pastores da Assembleia de Deus Ministério em Santo Amaro, na zona sul, receberam meta de conquistar ao menos cem votos cada para o candidato.

"Eu jamais partidarizaria uma igreja. Penso que é uma mistura equivocada", disse Haddad, após fazer carreata no Jardim Ângela (zona sul).

"O Estado é laico e respeita a liberdade religiosa. A partir do momento em que se misturam as duas questões [fé e política], você vai correndo os riscos de fundamentalismo na sociedade."

O petista disse que o Estado deve "respeitar as igrejas" e defender a liberdade religiosa, mas sem usá-las como instrumento para pedir votos.

"A mistura e a partidarização podem nos levar a um perigo que está afastado hoje, o de criar antagonismos que não experimentamos na sociedade brasileira", afirmou.
Haddad é o único dos principais candidatos à prefeitura que não tem apoio de denominações evangélicas. José Serra (PSDB) e Gabriel Chalita (PMDB) também contabilizam aliados no segmento.

No ano passado, pastores atacaram o petista por causa do chamado "kit gay", que combateria a homofobia nas escolas quando ele era ministro da Educação. A presidente Dilma Rousseff vetou a distribuição do material.

Ontem, Russomanno desconversou sobre a meta de votos na igreja da zona sul. "Eu estou muito feliz de ter todas as igrejas me apoiando. Muito feliz", limitou-se a dizer.(BERNARDO MELLO FRANCO)
Colaborou DIÓGENES CAMPANHA, de São Paulo.

Alessandro Shinoda/Folhapress
Haddad faz carreata ao lado de Marta Suplicy, que participa pela primeira vez de ato de campanha do petista
Haddad faz carreata ao lado de Marta Suplicy, que participa pela primeira vez de ato de campanha do petista

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