EQUADOR - Correa: Sem FMI nem Banco Mundial, "estamos melhor que nunca"
do Um Sem-Mídia
O presidente
do Equador esteve numa Universidade em Sevilha para explicar como o país
saiu da crise, auditando e reestruturando a dívida, expulsando a missão
externa do Banco Mundial e FMI e orientando a política para o emprego.
Rafael Correa na visita de Estado a Espanha esta semana. Foto Presidencia do Equador.
O
auditório da Universidade Pablo de Olavide, em Sevilha, foi pequeno
para receber a conferência de Rafael Correa, que acabou por ser
transmitida em vídeo para outras duas salas e mesmo assim deixou muita
gente de fora.
Citado pelo site espanhol
publico.es, o presidente equatoriano descreveu o que considera a "longa
noite neoliberal" que afundou o país na década de 90, coordenada por
políticos corruptos, banqueiros insaciáveis e governos obedientes às
receitas do FMI e do Banco Mundial. E foi mais atrás, a 1982, quando o
Equador se viu incapaz de pagar a fatura do endividamento agressivo dos
anos do boom do preço do petróleo. Aí "entrou em funcionamento a lógica
financeira do FMI que prioriza acima de tudo o pagamento da dívida",
recordou Correa. A espiral do endividamento para pagar juros das dívidas
anteriores levou ao empobrecimento do país. "O objetivo da economia
passou a ser o pagamento da dívida do próprio estado e dos bancos",
acrescentou, comparando a situação do Equador de então com "o círculo
infernal em que estão agora a Grécia e Portugal".
Correa
também disse aos estudantes que quando veio a Portugal há dois anos,
advertiu José Sócrates do risco semelhante que Portugal corria, um
prognóstico que se cumpriu. "Impuseram-nos leis que diziam aumentar a
competitividade e a flexibilidade do trabalho, que é o mesmo que
explorar os trabalhadores" e "diabolizavam a despesa pública quando era
para pagar aos professores, mas não para comprar armas", contou Correa,
sendo aplaudido pelos estudantes.
O colapso
bancário no início deste século teve também uma resposta semelhante ao
que se passa hoje na Europa. "Os políticos, que não representavam os
cidadãos mas sim os poderes económicos, fizeram todos os possíveis para
que fosse o povo a pagar a crise", declarou o presidente equatoriano.
Com
a eleição de Correa em 2007, foram tomadas de imediato medidas para
inverter o rumo do país para a catástrofe económica: reformou o banco
central, auditou e reestruturou a dívida, eliminou a parcela considerada
ilegítima pelos auditores e comprou as obrigações de dívida do Estado
aos credores por 35% do seu valor nominal. Em seguida, pagou a parcela
restante, "para nos livrarmos dos condicionamentos do FMI, como fez o
Brasil ou a Venezuela".
"Expulsei de Quito a
missão do Banco Mundial e desde há seis anos que a burocracia financeira
internacional não regressou ao meu país. Agora estamos melhor que
nunca", concluiu Correa.
*GilsonSampaio
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