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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, novembro 13, 2012

TIO SAM VERSUS LENNON

John Lennon e Yoko Ono, final dos anos 1960.

Documentário: Os EUA contra John Lennon


Por Marden Machado, no
Cinemarden.
Depois do fim dos Beatles, no final dos anos 1960, John Lennon decidiu se mudar para os Estados Unidos. Mais precisamente para Nova York. A fama mundial da banda inglesa permite imaginar que ele seria bem recebido em qualquer país do mundo. Não foi bem isso o que aconteceu. O documentário Os EUA Contra John Lennon, da dupla David Leaf e John Scheinfeld, cobre um período de aproximadamente dez anos, entre 1966 e 1976. Somos apresentados a um artista que se utiliza do fato de ser uma figura famosa para protestar em defesa dos direitos civis e da paz mundial e contra a Guerra do Vietnã. Essa postura ativista de Lennon preocupou o governo americano, na época presidido por Richard Nixon. O FBI e a CIA monitoraram todos os passos do músico e montaram um extenso dossiê contra o ex-beatle. Por diversas vezes e de muitas maneiras tentaram expulsá-lo do país. Composto por raras imagens de arquivo e com depoimentos de nomes importantes da cultura e da política americana, Os EUA Contra John Lennon vai além do simples relato de um artista empenhado em lutar contra injustiças. Os diretores traçam um painel mais amplo da vida de Lennon mostrando um lado de sua personalidade e de sua vida pessoal que é pouco conhecido do grande público.


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OS EUA CONTRA JOHN LENNON (The U.S. versus John Lennon - EUA 2006). Direção: David Leaf e John Scheinfeld. Documentário. Duração: 99 minutos. Distribuição: Mostra/Cultura.
*dodómacedo

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