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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, novembro 03, 2014


É preciso articular uma frente antifascista, antes que seja tarde, especialmente aqui em SP

Abaixo a ditadura e o fascismo!


São Paulo cada vez mais se firma como uma espécie de Munique brasileira. Como é bem sabido, Munique foi o centro do partido nazista, desde o surgimento do movimento, no começo dos Anos 1920, até a derrocada final do Terceiro Reich, em 1945. Parece que São Paulo cumpre o mesmo papel nos dias de hoje. Por aqui vemos uma elite branca e hidrófoba, disposta a tudo (contra o que elas não sabem direito), igualmente ao que se testemunhou na Alemanha após os levantes espartaquistas, entre 1918 e 1923. O pior é que no Brasil não vemos nada parecido, as instituições, a economia e a democracia se encontram sob controle. Contudo, uma gangue de publicistas da barbárie teimam em insuflar os ânimos dos setores mentalmente doentes de nossa sociedade.

O ovo da serpente já chocou, e a mídia golpista deixa claro que não recuará em seus anseios antidemocráticos. Todo mundo sabe como essa história termina, e assim como se verificou na Alemanha e na Itália, a burguesia acha que pode controlar a besta depois de parida. Infeliz engano, todos os regimes extrema-direita levaram a sociedade como um todo rumo a um abismo de barbárie, intolerância e irracionalidade, jogando populações inteiras no desespero.

Existem extratos de nossa sociedade – paulista e nacional – sedentos de sangue. Eles querem o caos, querem ver os aparatos repressivos nacionais ainda mais genocidas, até mesmo porque eles dificilmente teriam coragem de por mãos a obra para defender suas ideias criminosas. Sonham em assistir massacres no conforto de suas salas com ar condicionado, e depois dar salves a PM, como o fazem desde sempre.

Contra esse tipo de gente precisamos nos organizar. Não pertenço a nenhum movimento organizado, mas estou disposto a colaborar, da forma que estiver ao meu alcance. As marchas convocadas pelo Levante Nacional da Juventude são um primeiro passo, mas precisamos nos organizar de forma efetiva e duradoura, pois eles não vão desistir. 

As primeiras manifestações pedindo golpe, no começo dos anos sessenta, também foram pequenas como as vistas no sábado, contudo, as vésperas do assalto ao poder, em 1964, já reuniam meio milhão de pessoas. No dia 2 de abril de 1964, uma marcha reunindo 1 milhão de pessoas, no Rio de Janeiro, deu legitimidade aos golpistas para seguir com sua infâmia. Temos que enfrentá-los a altura!   

No pasarán!


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