Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, dezembro 01, 2014

Não seria melhor se preocupar menos com o inferno e mais com o planeta, ou em dar igual oportunidade pra todos os seres humanos?

Mãe, me ensine “AMOR” e não precisará me ensinar mais nada

00
Por Ana Burke
O que você está me ensinando mãe?
O que quer que eu aprenda? Que o inferno existe?
Não seria melhor se preocupar menos com o inferno e mais com o planeta, ou em dar igual oportunidade pra todos os seres humanos?
Como eu posso “TEMER” e “AMAR” a Deus ao mesmo tempo?
Não basta eu ter que superar os meus medos do dia-a-dia e me preocupar em como vencer as adversidades pra me manter vivo? Por quê eu devo temer a um Ser que você diz que é bom? Não se deve temer o que é bom, mas somente o mal.
Você diz que eu tenho um pai no céu que eu devo adular o tempo todo ou serei condenado. Será que não basta a Deus que eu admire, respeite e cuide das suas obras? Será que não basta a Ele que eu respeite os animais, as florestas e os rios? O que Ele fala sobre isto mãe? Nada? … Jesus matou a figueira!
Por quê eu tenho que me ajoelhar e abaixar a cabeça mãe? Eu não consigo ver a luz do sol
Por quê dar a outra face para a pessoa que me humilha ou me bate?
Me deixa viver mãe, me deixa crescer, ou este Ser me tirou a consciência e o discernimento para que eu não aprenda ou saiba distinguir o certo do errado?
Você me batizou quando eu ainda estava inconsciente. Te disseram que eu era impuro e você acreditou.
Por quê eu tenho que rezar, rezar, rezar, pedir, pedir, pedir e participar de rituais de adoração? Eu não gostaria disto se eu fosse um deus.
Você é MULHER! Olhe para a situação de todas as mulheres religiosas do mundo e verá que elas são seres inferiores para Deus, para Alá, para Buda ou qualquer outro Ser divino ou iluminado. Observe! Você é também inferior para qualquer homem seguidor ou representante de um deus ou divindade qualquer como um Pastor, Rabino, Guru, ou monge.
Não acredite mãe, por favor, não acredite que você é inferior, que você não pode, que você é incapaz e que têm sempre que obedecer e ser subjugada. Não mãe. Eu não nasci de um ser inferior e sem personalidade. Eu preciso que você me eduque e me ensine a ser forte, eu preciso ser capaz de me levantar sozinho quando cair e não quero necessitar demuletas. Um verdadeiro pai ou uma verdadeira mãe faz filhos independentes, e eu quero voar, escalar montanhas, atravessar pontes, mergulhar no mar…Me ame e me livre da sua religião.
O teu templo é de pedra, infestado de demônios, de gente subjugada, morta mentalmente, ou gritando e falando coisas desconexas. Você acha isto normal?
Você não percebe que a religião te faz, e nos faz, mais pobres?
Você não percebe que Buda, os deuses Indus, Maomé e Jesus nunca pregaram amor? Não consegue compreender que a espiritualidade é particular de cada um e não pode ser ensinada por nenhum ser humano?
Por favor, também não me fale de reencarnação ou de seitas que ensinam que este mundo é uma escola para infelizes e perdedores. São religiões compostas por pessoas apáticas para a realidade do mundo e aceitam injustiças, ou diferenças sociais como se estas fossem um Karma ou algo necessário para a evolução espiritual. Eu não quero encarar com naturalidade ou impassividade a miséria, doenças ou sofrimentos da maioria. Observe os budistas, hinduístas, jainistas ou espíritas e perceba a indiferença destes em relação ao mundo que os redeia. Todos são merecedores, ou da sua grande Fortuna, ou da sua grande Miséria ou doença e consideram as pessoas materialmente mais afortunadas ou mais saudáveis como sendo mais evoluídas.
Ressurreição? Reencarnação? Sou um ser humano bom, e só quero viver
*A.Burke

Nenhum comentário:

Postar um comentário