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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 24, 2015

Apeoesp envia mensagem a Ali Kamel: “Quero ver nossa greve na Rede Globo”


Foto: APEOESP

Apeoesp envia mensagem a Ali Kamel: “Quero ver nossa greve na Rede Globo”

Em carta, Maria Izabel Noronha, presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, pede “coerência” na cobertura da mobilização “em respeito aos milhares de professores que estão na luta”
Por Guilherme Franco
A greve dos professores da rede estadual de São Paulo começou há 11 dias, mas, ao contrário de outras manifestações nas ruas paulistas, quase nenhum destaque foi dado pela mídia tradicional, em especial pela Rede Globo.
Ao mesmo tempo em que dedica uma cobertura especial aos protestos pró-impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT), a emissora ignora a mobilização dos professores, que reuniu 40 mil pessoas em assembleia na última sexta-feira (20), assim como os inúmeros problemas da educação no estado como salas superlotadas, falta de água, de produtos de limpeza e até de papel higiênico.
Diante desse cenário, a presidenta da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, a Bebel, encaminhou uma carta ao diretor de jornalismo da emissora, Ali Kamel. “A ética do bom jornalismo determina que todas as partes envolvidas em determinado fato sejam ouvidas e que sejam divulgadas suas posições”, diz o texto, referindo-se ao fato de a Globo escutar a posição do governo do estado e ignorar o lado dos professores.  “Seus telejornais dão voz à Secretaria de Educação e outros órgãos do governo, mas não dão voz à Apeoesp, entidade que organiza e lidera o movimento e que tem todas as informações concernentes a ele”, descreve.
Ainda de acordo com a carta, “como concessão pública, a Rede Globo deve cumprir seu papel de informar a população sobre todos os fatos que a possam interessar e, também, dará voz a todos aqueles que não estão satisfeitos com a realidade da escola pública estadual”, completa. O sindicato pede que sejam enviadas mensagens à emissora pedindo a cobertura da greve (veja aqui).
carta
Os grevistas reivindicam melhorias nas condições de trabalho e no sistema de educação público estadual, além de aumento de 75,33% para equiparação salarial às demais categorias com formação de nível superior, implantação da jornada do piso, nova forma de contratação dos professores temporários com garantia de direitos, entre outras pautas.
Nesta sexta-feira (27), uma nova assembleia vai acontecer no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, onde serão discutidos os rumos da greve.
Foto: Apeoesp

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