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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 31, 2015

Roupa da Ku Klux Klan é usada em trote de medicina da Unesp

Alunos de Medicina da Unesp fazem trote com roupas do Ku Klux Klan. Páginas no Facebook denunciaram o episódio: “O racismo não é brincadeira. Se você acha isso engraçado, se você não vê problema nisso, você precisa seriamente rever sua inteligência”

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Imagem comparando a festa (duas superiores) com a seita (imagem inferior) foi compartilhada no Facebook
A Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu vai abrir investigação sobre a participação de alunos em uma festa da turma do 6º ano de medicina realizada no dia 5 de março, na qual veteranos receberam os calouros com roupas similares às da Ku Klux Klan, uma seita racista dos Estados Unidos que prega a supremacia branca e é famosa por atacar negros.
O tema veio à tona após imagens da festa serem divulgadas nas redes sociais. Com capas, gorros e tochas nas mãos, os estudantes vestiam roupas bem similares às da KKK, alterando apenas a cor, para preto.
Uma página que combate a opressão dento das faculdades de medicina publicou as fotos da festa comparando as imagens com reuniões da seita americana.
Imagens divulgadas no Facebook mostram os estudantes veteranos vestindo capas, gorros e com tochas nas mãos, observados pelos calouros. Apesar das capas pretas (a KKK usava roupas brancas), a fantasia revoltou usuários na internet e chegou até a direção da Faculdade de Medicina de Botucatu. “”Qual das três fotos representa festa da calourada dos estudantes da UNESP-Botucatu, com estudantes “fantasiados” de KKK? Qual das três fotos representa fascismo, ódio, tortura? Com a morte de centenas de milhares de pessoas não se brinca. O racismo não é brincadeira”, disse a página.
Em um dos comentários do texto, uma caloura disse que foi “apenas uma brincadeira”.
Uma comissão de apuração preliminar vai investigar a festa. Alunos da 48ª turma de medicina, responsáveis pela festa, disseram que a fantasia era de “carrasco”. Segundo eles, não houve prática preconceituosa, mas pediram desculpas pelo episódio.
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Terra Magazine

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