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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, março 22, 2015

Pitty: Marchar ao lado de extremistas de direita jamais

março 16, 2015 15:23
Pitty: Marchar ao lado de extremistas de direita jamais

Em seu perfil no Twitter, cantora manifestou opinião sobre os protestos do último domingo; após divulgação da mensagem, foi alvo de ofensas: “Quando terminar o mimimi… volte pra cozinha”, dizia uma delas
Por Redação
(Reprodução/Twitter)
(Reprodução/Twitter)
Ontem (15), dia em que milhares de pessoas foram às ruas contra o governo da presidenta Dilma Rousseff (PT), a cantora Pitty manifestou, no Twitter, sua opinião sobre os protestos. “Pressionar qualquer governo por melhorias sim, marchar ao lado de extremistas de direita, fanáticos religiosos e saudosos da ditadura jamé”, escreveu.
Ainda em seu perfil, a artista conta que, após a divulgação da mensagem, virou alvo de ofensas. “Uau. Se vocês vissem nas minhas mentions o jorro de ódio irracional desde ontem… Diálogo zero, só ofensas preconceituosas”, disse. “De xingamentos impublicáveis, a xenofobia, machismo e ‘comunista’. E olha que eu nem defendo o PT.”
Pitty retuitou um dos recados ofensivos que recebeu: “Quando terminar o mimimi… volte pra cozinha”. “Pois eu não volto pra cozinha, nem o negro pra senzala, nem o gay pro armário. O choro é livre, e nós também”, rebateu a cantora.
(Foto de capa: Divulgação)

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