Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, maio 04, 2015

“Precisamos abrir o olho porque está sendo chocado no Brasil o poder fundamentalista de confessionalização da política”, afirmou. “Isso vai dar no fascismo.”

Bancada evangélica é ovo do nazismo, afirma frei Betto



Católico comparou o momento
 político brasileiro à época que
 precedeu o nazismo na Alemanha
O escritor e teólogo Frei Betto disse que a bancada evangélica — um movimento político-religioso fundamentalista, ressaltou — ameaça a democracia brasileira porque equivale ao “ovo da serpente” dos anos 30 do qual nasceu o nazismo.

Naquela época, na Alemanha, disse, “depois que a coisa esquentou é que muito gente se deu conta” do monstro que tinha sido gerado.

A Frente Parlamentar Evangélica, à qual Frei Betto se referiu, é presidida pelo deputado João Campos (PSDB/GO). É composta por deputados (a maioria) e por senadores de diferentes partidos, no total de 79.

Ela tem se destacado por ser contra, por exemplo, as propostas de igualdade aos homossexuais. Se pauta principalmente por uma leitura conservadora da Bíblia. Um de seus integrantes, Marco Feliciano, é presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minoria da Câmara.
Frei Betto (foto), ao falar a cerca de mil lideranças católicas no 9º Encontro Nacional Fé e Política, no final de semana, no campus da UCB (Universidade Católica de Brasília), se mostrou preocupado com os “segmentos religiosos [evangélicos] que estão cada vez mais partidarizados”.

“Não tenho nada contra os evangélicos, tenho contra essa bancada.”

Defendeu o laicidade: “O Estado e os partidos não devem ter religião, mas respeitar a diversidade do pluralismo religioso”.

“Precisamos abrir o olho porque está sendo chocado no Brasil o poder fundamentalista de confessionalização da política”, afirmou. “Isso vai dar no fascismo.”
João Campos é o presidente da Frente Parlamentar Evangélica

Nenhum comentário:

Postar um comentário