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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, maio 30, 2010

Você não pode ler o que os americanos lêem sobre os EUA

Você não pode ler o que os americanos lêem sobre os EUA

Deu no The New York Times, anteontem, quinta-feira, como está reproduzido aí ao lado. Mas os “jornalões” brasileiros, como acontecia nos tempos da ditadura, decidiram que você não ia ler esta notícia.

Philip Alston, o relator especial das Nações Unidas sobre execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias, disse quinta-feira que entregará um relatório dia 2 de junho ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, declarando que “o poder de vida ou morte” de aviões-robôs deve ser confiado de forças armadas regulares e não às agências de inteligência, como é o caso dos “drones” guiados por controle remoto que estão realizando bombardeios no Afganistão e no Paquistão.

Ele comparou como os militares e a CIA. respondem às alegações que os ataques mataram civis por engano. “Com o Departamento de Defesa que você tem informações , talvez não completas, quando um bombardeio no Afeganistão vai mal”, mas disse que quando a CIA é a responsável, não responde a nenhuma pergunta nem dá qualquer informação.

Sob as leis da guerra, os soldados dos exércitos tradicionais não podem ser processados e punidos pela morte de forças inimigas em uma batalha. Os Estados Unidos alegaram que, devido a Al Qaeda não obedecer aos requisitos estabelecidos nas Convenções de Genebra – como estar vestindo uniformes – eles não têm direito às regras. Mas os operadores dos aviões-robôs, vinculados à CIA “também não usam não usam uniformes”, diz o NYT.

Harold Koh, conselheiro jurídico do Departamento de Estado, advertiu que operadores de drones da CIA poderiam, segundo os manuais militares americanos, ser considerados criminosos de guerra. Jeh Johnson, defensor geral do Departamento, e sua equipe acabaram por concordar com essa preocupação. Eles reformularam os manual para que os assassinatos cometidos desta forma não possam ser julgados pelos tribunais afegãos ou paquistaneses como crime de guerra ou de espionagem.


do Tijolaço

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