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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, outubro 25, 2010

Justiça anula acusações contra Universal, mas imprensa omite


Do Vooz:

O Tribunal de Justiça de São Paulo anulou, na última terça-feira (19), todas as acusações do Ministério Público de São Paulo contra a Igreja Universal do Reino de Deus e seus representantes. Embora a denúncia tenha sido repercutida à exaustão no ano passado por parte da imprensa, a maioria dos veículos de comunicação – como a TV Globo e o jornal Folha de S.Paulo – ignoraram o desfecho do caso na última semana.
Os desembargadores paulistas consideraram que a Justiça Estadual não tinha competência para julgar a ação, conduzida por promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado).
Após a anulação das acusações, o Tribunal informou, em nota, que o próprio Ministério Público reconheceu a incompetência da Justiça Estadual para julgar o caso. Curiosamente, porém, a Folha de S.Paulo e a Globo omitiram a decisão dos desembargadores em seu noticiário. Apenas o jornal O Estado de S.Paulo deu destaque à notícia.
A explicação para o silêncio da mídia se explica pela “disputa pelo mercado de audiência”, segundo avaliação do professor de jornalismo da USP (Universidade de São Paulo), Laurindo Leal Filho.
- Esse assunto interessa a essa disputa pelo mercado de audiência. Então, isso ganha ares sensacionalistas ainda maiores e depois priva o telespectador, ou o leitor, da informação complementar quando, sabendo e percebendo que o resultado não interessa mais a ele nessa disputa, simplesmente omite do noticiário.
O advogado Antonio Sérgio de Moraes Pitombo, que representa a Universal, cobrou um reconhecimento público dos promotores diante da anulação das acusações. O Ministério Público informou que ainda não sabe se irá recorrer da decisão.
- Eu gostaria até que o Ministério Público recorresse, porque aí nós temos a chance de ganhar nas instâncias superiores.
Em maio deste ano, decisão do presidente do TJ-SP já havia considerado nula parte das provas apresentadas pela promotoria e indicado erro de condução pelos promotores do caso ao solicitarem cooperação internacional para investigar os acusados.
Na última semana, o líder da Igreja Universal e proprietário da Rede Record, o Bispo Edir Macedo, comentou a anulação das acusações e a omissão da mídia, em texto publicado em seu blog pessoal.
- Fomos vítimas de um verdadeiro massacre de alguns promotores do Ministério Público de São Paulo e da imprensa. [...] Em nosso interior, nunca nos abalamos, porque sempre tivemos fé na Justiça.
*estadoanarquista

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