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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, outubro 27, 2010

Embargo covarde permanece em Cuba. Israel apóia Sionistas sem moral

EUA condenados por bloqueio a Cuba na ONU:187 a 2



 


Embargo a Cuba: rejeição quase unânime, efeito quase nulo
A Assembléia-Geral da ONU condenou  ontem o embargo econômico e comercial a Cuba, decretado há  quase meio século pelos Estados Unidos.A resolução teve o apoio quase unânime dos 192 países que integram a organização: 187 membros votaram a favor, dois contra (EUA e Israel) e três abstiveram-se (Ilhas Marshall, Palau e Micronésia).
O embargo impede as relações comercial entre os dois países, distantes menos de 200 km, e proíbe empresas americanas de  investir ou mesmo se associarem a outras, de outros países, que mantenham comércio com os cubanos. Segundo um relatório do governo cubano, o embargo imposto em 1962 representa para o povo cubano um dano de  173 bilhões de euros atualizado a preços no mercado norte-americano ou a 543 bilhões se as consequências do embargo forem medidas em termos da cotação do ouro no mercado internacional.
Acusando Washington de impor uma “guerra económica cruel de meio século” contra o seu país, o ministro cubano dos Negócios Estrangeiros afirmou ontem que o arquiteto do embargo tinha sido Dwight Eisenhower, presidente dos EUA que começou por reduzir a importação de açúcar cubano, antes de John F. Kennedy decretar o embargo, a 7 de Fevereiro de 1962. Antes da revolução de 1959, o mercado norte-americano era o destino de 67% das suas exportações e 70% das importações vinham dos EUA.
Os países da  da União Europeia (UE) voltaram a manifestar rejeição aos efeitos das sanções dos EUA, que entre outras coisas afetam empresas europeias com presença em Cuba.
O chanceler cubano Bruno Rodríguez Parrilla além de uma descrição dos efeitos do embargo, listou uma série de problemas enfrentados por Cuba na área de saúde, por não poder comprar tecnlogia e equipamentos cirúrgicos fabricados apenas nos Estados Unidos ou em outros países que não os vendem por temerem ser atingidos pelas represálias previstas nas leis que regem o embargo.
Nem mesmo a oposição a Fidel Castro defende o embargo.  Para o economista e opositor cubano Oscar Espinosa Chepe, o embargo serviu unicamente “para fazer mal ao povo cubano e justificar a repressão” e acaba por ser “um álibi para Havana justificar o desastre nacional”.
Ontem foi a 19ª vez que Cuba pediu à ONU que pusesse termo ao embargo. Todas as vezes o embargo foi condenado, sem encontrar acolhida dos Estados Unidos.
*Tijolaço

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