Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, março 05, 2011

Bruna Surfistinha bate recorde de público e renda no Brasil

Por Redação, com FilmeB - de São Paulo
Bruna Surfistinha
A atriz Deborah Secco vive a personagem da prostituta Bruna Surfistinha no cinema
A grande expectativa do ano, diante da reação inesperada do público diante do tema polêmico que a produção aborda, Bruna Surfistinha fez a festa dos produtores. Assinado pela TV Zero, com a coprodução da rede Telecine e da RioFilme, e lançado pela Imagem em mais de 340 salas por todo o país, o drama sobre a jovem de classe média que se torna garota de programa, estrelado por Deborah Secco, foi visto por 400,4 mil espectadores em seu fim de semana de estreia, alcançando bilheteria de R$ 4,2 milhões. O filme também obteve a melhor média do ranking, superior a mil espectadores por sala.
Os números dão a Bruna Surfistinha o posto de segunda maior abertura de 2011 (atrás apenas de Enrolados, da Disney) e o sétimo lugar, em público, no ranking de aberturas nacionais dos últimos 20 anos. Dessa forma, Bruna já se posiciona como um dos sucessos nacionais de 2011. Trata-se, ainda, de um raro caso de blockbuster nacional sem parceria ou apoio da Globo Filmes.
*CorreiodoBrasil


"Bruna Surfistinha": um programa e tanto


Muita gente diz que a história de Bruna Surfistinha não tem nada de especial. Concordo plenamente. Porém, o que estas pessoas não percebem é que não ter nada de especial é justamente o que a história dela tem de especial.

Em si mesma, a profissão do sexo não torna ninguém melhor ou pior do que os outros. É, ou devia ser, uma constatação óbvia, mas no cinema e na mídia de uma forma geral não é isso o que se vê. A prostituição costuma ser tratada como atividade abjeta de pessoas imorais, ou mazela social a ser extirpada em uma futura sociedade justa, ou, ainda, um mundo de glamour e prazeres intermináveis, que lembra a enferrujada imagem da "vida fácil".

Num caso, a prostituta é uma degenerada a ser posta fora do convívio social. Em outro, uma vítima, que tem que ser resgatada. No terceiro, uma heroína, digna da nossa admiração (ou inveja).

O maior acerto de Bruna Surfistinha, de Marcus Baldini, é fugir desses pré-juízos. Sua Bruna (aliás, Raquel, nome de batismo) é uma menina com dificuldades de socialização, o que não a leva a "cair" no meretrício. Este aparece como uma opção entre outras, a melhor para aquela moça específica, que precisa sair de casa e ter uma renda que lhe permita algum grau de independência. Ela faz uma escolha e assume a responsabilidade por ela, ou seja: não se trata da jovem "iludida" ou "aliciada".

É esse o assunto central na tela: o custo/benefício da liberdade, os ônus e os bônus de se mandar no próprio nariz. A protagonista não tem dúvidas: por mais caro que seja, o preço vale a pena. Portanto, esqueçam qualquer possibilidade de uma "redenção": esse filme não pretende redimir ninguém, muito pelo contrário: ao final, em off, Bruna declara: "Foi como garota de programa que aprendi a não julgar, a aceitar as pessoas como elas são, como elas conseguem ser."

Não me entendam mal: o glamour está no filme, as mazelas também (Bruna se vicia em cocaína), mas nenhum dos dois se transforma em ferramenta para condenar, absolver ou glorificar as profissionais do sexo ou sua atividade. Inserem-se na realidade das meninas, que também inclui paixões, baladas, famílias e um esplêndido momento "puta pride" em um salão de beleza grãfinoide. As companheiras de Bruna podem ser amigas leais como Gabi, ou aproveitadoras inconsequentes, como Carol, mas acima de tudo são humanas.

Sem apelar para a sacanagem gratuita, Baldini fez um filme descarado, sem vergonha no melhor sentido da expressão e desprovido de qualquer pretensão de chocar o espectador ou lhe ensinar sociologia (embora acabe caindo na tentação de desnecessárias justificativas psicológicas para o homem que procura a zona - a gente vai lá para transar, é só isso). Não é genial, não é obra prima, é um filme bom e honesto, como sua personagem principal.

Personagem, aliás, interpretada com entrega, coragem e competência por Deborah Secco. Alguém precisa obrigar essa moça a fazer mais cinema, nem que seja amarrada (sem fantasias, tarados). Ela conseguiu criar um leque de diferentes tipos para a protagonista, aparentemente aproveitando sua experiência anterior. A menina Raquel remete à adolescente meio machona Carol, de Confissões de Adolescente, enquanto Bruna, em certos momentos, lembra a doce Moema de Caramuru, e em outros aquelas adoráveis vadias que Deborah interpreta em algumas novelas.

Respeitando a inteligência de seu espectador, abstendo-se de elucubrar sobre o bem e o mal e tratando o sexo como uma dimensão a mais da vida, que não deve causar vergonha nem obsessão, o filme agrada também pelos personagens plausíveis, bem construídos, e pela narrativa sem invencionices.

Em tempos nos quais o cinema brasileiro, em sua vertente dominante, tem tratado seu público como criança, como alguém a ser entretido com bobagens e instruído sobre como se comportar, essa postura dissonante de Bruna Surfistinha o credencia como alvissareira surpresa.
*canalfofão

Bruna Surfistinha


Sinopse:

Aos 17 anos, Raquel se sente desajustada na escola, onde é ridicularizada pelos colegas, e em casa, onde vive em conflito com a família. Um dia, a menina de classe média toma uma decisão surpreendente: virar garota de programa. Ela foge de casa e vai viver num privê, onde as garotas moram e recebem clientes. Adota o nome de Bruna e fica amiga daquelas mulheres, como a intempestiva Janine. Ali conhece Huldson, que vai se empenhar em tirá-la da prostituição. De ingênua e desajeitada, Bruna se torna a garota de programa mais disputada do lugar e a que mais ganha dinheiro. Conhece a sofisticada Carol, que lhe mostra a prostituição de alto luxo, e aluga um flat para receber seus próprios clientes. A fama nacional vem quando, com o nome de Bruna Surfistinha, passa a contar num blog suas aventuras sexuais e afetivas como garota de programa. Mas Bruna vê seu dinheiro e sua saúde serem consumidos pela cocaína e, quando chega ao fundo do poço, é hora de dar uma nova guinada em sua vida.

Elenco:

Deborah Secco ... Raquel / Bruna
Cassio Gabus Mendes ... Huldson
Drica Moraes ... Larissa
Fabíula Nascimento ... Janine
Cris Lago ... Gabi
Erika Puga ... Mel
Simone Illiescu ... Yasmim
Brenda Ligia ... Kelly
Guta ... Carol
Juliano Cazarré ... Gustavo
Clarisse Abujamra ... Celeste
Luciano Chiroli ... Otto
Sérgio Guizé ... Rodrigo
Gustavo Machado ... Miguel

Ficha Técnica:

Gênero: Drama
Classificação etária: 16 anos
Tempo de Duração: 109 minutos
Ano de Lançamento: 2011
Estréia no Brasil: 25/02/2011
Estúdio/Distrib.: Imagem Filmes
Direção: Marcus Baldini


Download Link Direto (Rmvb, 381Mb)


Download Link Direto (Avi, 997Mb)

*acervonacional

Nenhum comentário:

Postar um comentário