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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, março 14, 2011

Lula tem palestras agendadas na Europa, nos EUA e na China




Lula negociou com diretores de marketing de grandes empresas e representantes de institutos estrangeiros o ciclo de palestras que dará nos próximos meses. A estreia aconteceu no dia 2 de março, quando discursou para uma plateia da fabricante sul-coreana de eletrônicos LG.

Na segunda-feira 14, o ex-presidente estará em Doha, no Catar, a convite da emissora de televisão Al Jazeera. Lula vai falar sobre a consolidação da democracia no Brasil e sobre os ventos que sopram por liberdade no mundo árabe. Isso é apenas o começo.

Em abril,dará palestras para empresários em Nova York, Madri e Londres.

Em maio, embarca para Pequim com a missão de apontar a investidores chineses oportunidades de negócios no Brasil. “A demanda por palestras tem sido enorme”, diz Clara Ant. Em São Paulo, bancos, redes de supermercados e indústrias têxteis estão interessadas em ouvir o que Lula tem a dizer, mas por enquanto ele quer priorizar o mercado internacional.

Em um bom ano, FHC faz 30 palestras, o que assegura a ele um faturamento de R$ 4,5 milhões. Lula é bem mais pago. Na LG, ele recebeu R$ 200 mil. No Exterior, os contratos estão sendo fechados a US$ 150 mil, mais até do que o ex-presidente americano Bill Clinton, cotado a US$ 140 mil por uma hora de discurso.

Lula vale mais por uma simples razão.

Clinton deixou o poder há dez anos, o que significa que seu passe já não é tão cobiçado. Lula esteve no centro do poder até outro dia, se tornou celebridade internacional e elevou o Brasil à condição de protagonista no tabuleiro econômico mundial. “No quesito palestras, Lula é o nome mais esperado do momento”, diz Flávia Dias, sócia da agência Palavra Speakers Bureau, que tem no quadro de palestrantes como o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco e o economista Maílson da Nóbrega, além de já ter representado Fernando Henrique Cardoso.

Lula tem potencial para fazer uma pequena fortuna nos próximos anos. Se ele repetir a média de palestras anuais de FHC, seus rendimentos devem superar facilmente a casa dos R$ 6 milhões.

Além do aspecto financeiro, as palestras recolocarão Lula na cena política brasileira e internacional. Nas últimas décadas, poucas vezes o ex-presidente esteve tão distante dos holofotes quanto nos primeiros meses de 2011. O recolhimento a que se impôs Lula – para não fazer sombra à presidente Dilma e para não ser incomodado nas prolongadas férias – se transformou em incômodo. Para os amigos próximos, ele tem reclamado da dificuldade de se adaptar à nova rotina.

Ricardo Kotscho, ex-assessor de imprensa e um de seus confidentes, ouviu um desses desabafos: “É como se você estivesse dirigindo a 300 por hora, desse um cavalo de pau e, de repente, o carro parasse no meio da estrada”, disse Lula sobre a desaceleração provocada pela ausência de poder.

De volta a São Bernardo do Campo, logo depois da transmissão da faixa presidencial, Lula teve de enfrentar problemas prosaicos, daqueles que afligem qualquer cidadão comum. As chuvas das últimas semanas fizeram estragos em seu apartamento de cobertura e uma goteira no meio da sala o tem tirado do sério.

Graças às intempéries, a reforma do prédio com 300 metros quadrados onde está o Instituto de Pesquisas e Estudos de Cidadania (Ipec), em São Paulo, que na prática funcionará como o novo escritório do ex-presidente, também atrasou. Nos próximos dias, Lula também vai participar de uma reunião da Executiva Nacional do PT. Informações da IstoÉ

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