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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, março 07, 2011

Lula vai dará palestra no 6.º Fórum Anual da Al-Jazira, rede de televisão



O ex-presidente Lula vai participar, depois do Carnaval, do 6.º Fórum Anual da Al-Jazira, rede de televisão com sede em Doha. Lula será um dos palestrantes do painel “O Mundo Árabe em Transição: o Futuro chegou?”, no próximo dia 14. Convidado pela emissora, em meio à tensão política na Líbia, o Lula falará sobre a experiência sul-americana diante de uma plateia formada por analistas políticos, jornalistas e intelectuais.

O fórum da Al-Jazira foi criado há seis anos para “debater, discutir e ampliar” as mudanças no Oriente Médio no contexto do mundo globalizado. O painel no qual Lula fará sua palestra, na capital do Catar, também terá a presença do ex-primeiro ministro da França Dominique De Villepin, que abordará o futuro das relações entre a União Europeia e o Oriente Médio.

A Venezuela propôs uma solução negociada para conter a revolta na Líbia e quer que Lula lidere uma comissão internacional, com o objetivo de mediar um acordo de paz. Até agora, porém, nenhum pedido formal foi apresentado a ele.

A Al-Jazira entrevistou Lula em maio do ano passado. À época, ele tratou da política externa brasileira, do relacionamento com países vizinhos e da questão nuclear no Irã, entre outros temas. “Eu quero gastar a minha energia tentando pensar numa coisa positiva, tentando pensar em ajudar alguém, tentando construir a paz”, afirmou o então presidente. “Não é possível você governar procurando inimigo, querendo uma guerra.”

No último mês de janeiro, jornalistas da Al-Jazira foram detidos durante a cobertura dos protestos no Cairo. Repórteres da rede de TV chegaram a ser proibidos de trabalhar no Egito após divulgarem as manifestações contra o governo.Estado
*osamigosdopresidentelula

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