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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, julho 07, 2012

Chávez diz que paraguaios pediram suborno para aceitar Venezuela no Mercosul

Tensão entre Caracas e Assunção atinge escala máxima; paraguaios negam barganha financeira para aceitar venezuelanos
CARACAS - O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse nesta quinta-feira que senadores paraguaios pediram subornos para aprovar a adesão venezuelana ao Mercosul, acusação que foi rejeitada por parlamentares e que exacerbou a atual disputa diplomática entre Caracas e Assunção.
A Venezuela retirou seu embaixador do Paraguai e suspendeu o envio de petróleo ao país depois que o Senado, num rápido processo político, destituiu em junho o presidente socialista Fernando Lugo, o que Chávez qualificou como "golpe de Estado".
O novo governo paraguaio, por sua vez, retirou na quarta-feira seu embaixador em Caracas e acusou o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, de ter pedido em reunião com militares em Assunção que as Forças Armadas paraguaias impedissem a destituição de Lugo.
A entrada da Venezuela no Mercosul já havia sido aprovada pelos Congressos da Argentina, Brasil e Uruguai, mas estava sendo inviabilizada devido à resistência do Parlamento paraguaio.
Depois do impeachment de Lugo, o Mercosul suspendeu o Paraguai dos seus quadros, e assim a Venezuela pôde finalmente se tornar membro pleno do bloco.
Em discurso à Assembleia Nacional venezuelana por ocasião do Dia da Independência, Chávez disse que "um grupo desses senadores do Paraguai, desses que deram o golpe, estava pedindo dinheiro, ou seja, pediam dinheiro a nós para permitir entrar no Mercosul".
"Eu disse a Nicolás (Maduro): Nicolás, mande-os passear. São umas verdadeiras máfias. Pedindo dinheiro, pedindo dinheiro. Também há testemunhas brasileiras disso, também há testemunhas argentinas disso", acrescentou Chávez, sem entrar em detalhes nem citar nomes.
Parlamentares paraguaios reagiram negando a versão de Chávez.
"Parece-me sumamente grave o que denuncia o presidente Chávez, e me parece que deveria apresentar provas", disse o senador paraguaio Hugo Estigarribia, do Partido Colorado.
"Esperemos que não seja uma acusação para desviar a atenção das supostas atuações de Maduro no Paraguai", acrescentou o senador, que apoiou a destituição e era contra a adesão venezuelana ao Mercosul.
Reportagem de Deisy Buitrago, em Caracas; e de Daniela Desantis, em Assunção
No Reuters

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