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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, janeiro 24, 2011

A COMISSÃO DA VERDADE NAS ASAS DA PANAIR


Ontem assisti pelo Canal Brasil o “É Tudo Verdade – Panair do Brasil”. Para os mais novos: a Panair era a maior companhia aérea brasileira, toda de capital nacional e preparando-se para ser maior que a Pan American.
A Varig começava a despontar no cenário nacional. Isto em 1964.
Após  o Golpe Militar, auge das arbitrariedades legais neste País, em fevereiro de 1965, sem quê nem pra quê, e sem nada que aparentemente justificasse,  o Governo Militar de uma penada, com um Decreto arbitrário decretou a falência da Panair.
Cinco mil funcionários ficaram desempregados.
A Varig imediatamente passou a operar  com os aviões da Panair. Quando digo imediatamente, digo até mesmo um avião da Panair que estava na pista pronto para decolar para a Europa, já com os passageiros dentro.
Tropas militares ocuparam os hangares da Panair, e os escritórios,  e a Celma, empresa que fazia manutenção dos motores.
Hoje sua sede no Santos Dumont passou a ser sede do 3º Comando Aérea da Aeronáutica
Em minutos 5.000 chefes de família estavam desempregados ,  sem direito a nada, de uma Empresa que não estava sequer solvente e tinha capital para pagar qualquer dívida.
Abrir estes porões é obrigação da Comissão da Verdade, e apurar o que realmente aconteceu.
A Comissão da Verdade deve ser muito mais profunda, ir além do apenas apurar as violências físicas cometidas por maus militares.
Deve apurar todas as violências legais,  todas as tramamóias empresariais, concorrências, monopólios, etc . instalados durante o período da Ditadura.
A  bem da Verdade. Não por  perseguição., Mas a bem da Verdade que o Brasil merece.
Aliás merece de há muito, desde antes da “Independência”. 
*Bemvindo

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