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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, janeiro 09, 2011

SANSÃO E DALILA INVADEM MARTE






Reunião de emergência no setor de comunicações de Marte.
Uma mini série, de uma ousada emissora, invade as telas dos marcianos até então anestesiados.




Mídia 1 – Amigos, uma nova onda está invadindo nossas comunicações.
Mídia 2 – É coisa de humanos ....
Mídia 3 -  Humanisno é coisa para terráqueos boiolas.
Mídia 1 – Precisamos revidar esta investida.
Midia3 – Imaginem se nosso povo acorda da letargia em que está mergulhado?
Mídia 2- Vejam o que aconteceu naquele País da Terra, aquele merdinha metido a potência: elegeram uma fêmea, e ainda por cima humanista !
Mídia 1 – E agora vem mais uma mini série -  como chamam, falando coisas simplórias e bobas, lendas humanistas que não dizem nada, mas podem quebrar nosso poder.
Mídia 2- O povo adora  essas bobagens, e aqui em Marte a cosa já tá pegando.
Mídia 1 – Chamem os críticos, e todos mais que há anos comem da nossa mão.
Mídia 3 – Vamos á contra ofensiva.
Mídia 2 – Mas o que podem dizer?
Mídia 3 – Hein?
Mídia 1 – A luta com o leão estava  muito boa...
Mídia 3 – O elenco é muito bom e homogêneo.
Mídia 1 – As locações são primorosas...
Mídia 2 – A Direção corta muito bem...
Midia 1 – Os figurinos e arte são de primeira...
Mídia 3 – A pesquisa não fica atrás.
Mídia 2 – A caracterização é do Vavá Torres, o melhor da praça...
Mídia 3 – A trilha sonora respeita e conduz  a trama...
Mídia 1 – E foi gravada em HD.
Mídia 2 – Que merda!!! Como podemos atacar esta ousadia?
Mídia 3 – Já sei !!!!
Mídia 2 – Como?
Mídia 3 – A Bíblia !!!
Midia 1 – Claro, a Bíblia...
Mídia 2 – A culpa é da Bíblia!!!
Mídia 1 – O roteiro, a sinopse e a trama da Bíblia  são muito fracos.
Mídia 3 – É isso: quem escreveu a Bíblia não fez a Oficina de Dramaturgia da Rede Bobo !!!


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