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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, janeiro 07, 2011

INDIGNAÇÃO

Chuva em SP:
a Soweto dos nordestinos alaga





São Paulo alagou o Nordeste


Às 18H50 desta sexta-feira, redes de televisão de São Paulo mostravam cenas impressionantes do alagamento da Zona Leste de São Paulo.

Centenas de carros inundados e levados pela correnteza.

Moradores denunciaram que as casas estavam invadidas pela metade.

É possível que o jornal nacional trate do assunto com a elegância que o Padim Pade Cerra e os tucanos de São Paulo merecem.

Como se fosse um extraordinário episódio, resultado de um fenômeno meteorológico fortuito.

“A culpa é de Deus”, foi o que disse, no passado, o jenio, o Padim Pade Cerra.

Lorota.

É assim todo ano Santo (com caixa alta em homenagem ao Padim).

Mas, para quem não mora em São paulo, é importante situar a “obra de Deus”,

A Zona Leste da cidade de São Paulo é a Soweto.

A maioria dos moradores é de nordestinos.

A maioria não vota em São Paulo.

É onde os serviços públicos são escassos.

É a cidade que os paulistanos não conhecem.

Ela fica isolada, marginal, esquecida.

Ou alagado, como o Jardim Romano, que foi o Katrina do Cerra.

Paulo Henrique Amorim

NÃO AO PRECONCEITO



*AnaIsabel

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