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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, janeiro 11, 2011

“Batom na cueca”: porque a Míriam Leitão segue o Serra no twitter?







Porque Míriam segue o Serra no twitter?
A pergunta ganha relevância quando se constata que ela segue apenas 8 pessoas no twitter.
Dessas 8, apenas um ex-candidato a presidente e logo quem?
O José Serra, ex-desgovernador tucano do Estado de São Paulo.
Se ela é tão democrata, como diz, porque não segue a Dilma também? E a Marina Silva?
Afinal, no seu perfil, Leitão se define como "Economista, comentarista de rádio e TV, jornalista, mulher"
Que raios de mulher feminista é essa que não segue as duas principais lideranças políticas mulheres do país?
Porque segue apenas o machista do Serra que, inclusive, a destratou duas vezes em debates da rádio CBN?
Isso é o que, no popular machista, se chama “batom na cueca“…
*comtextolivre

Tucson e Cerra: a retórica da violência gera violência

Na foto, um colonista da Fox News
Enquanto os Estados Unidos choram os mortos do atentado político de Tucson, no Arizona, o New York Times publica reflexões sobre a relação entre violência e o discurso violento da política.

O Brasil acaba de assistir a uma campanha presidencial em que, nunca dantes na história deste país, um candidato fez o que José Serra fez.

Usou uma linguagem e um método que traziam no ventre a agressividade, a violência e a irracionalidade.

E a “calhordice”, expressão que Ciro Gomes usou para se referir à tentativa de associar a presidenta Dilma Rousseff à pratica indiscriminada do aborto (embora a mulher dele, Cerra, tenha feito aborto no Chile).

A campanha de Serra caiu no colo da extrema-direita – clique aqui para ler o que disse sobre isso o professor Wanderley Guilherme dos Santos -, e trouxe para as ruas a mais reacionária facção da Igreja.

O Papa, de sapato Armani, desembarcou na Móoca.

Serra insuflou – através do PiG (*) – o preconceito contra o nordestino faminto, responsável pela votação na Dilma.

Deu no que deu.

Serra perdeu.

Recebeu a alcunha de Padim Pade Cerra.

E disparou o gatilho do racismo e xenofobia na internet.

De volta a Tucson.

E à ligação intrínseca entre a linguagem política que incita à violência e a violência propriamente dita.

Este ansioso – clique aqui para ler “Comparato e o que fará o Advogado geral da Dilma ?” – blogueiro recomenda dois textos memoráveis sobre essa questão.

O de Timothy Egan – “A Política de Tombstone”:

Tombstone é uma cidade que fica também no Arizona e se imortalizou por assistir a inúmeros tiroteios de faroeste, entre eles o especialmente famoso “Gunfight at the OK Corral”.

Wyatt Earp (Burt Lancaster) e Doc Holliday (Kirk Douglas) fizeram um filme impecável sobre o episódio.

Egan transporta para o OK Corral a tragédia da deputada Gabreille Giffords, que começou a ser perseguida quando votou a favor da Reforma da Saúde de Obama, e quase morreu porque se opôs a parte e, não, a toda a legislação contra os imigrantes que o Arizona baixou.

Egan tem uma frase memorável (jornalistas americanos têm a mania de saber escrever … No PiG (*), se passarão cem anos até que um colonista (**) produza algo comparável):

“ … uma nação dividida tem a oportunidade de meditar sobre o que acontece quando as palavras são usadas em lugar das armas e as armas são usadas em lugar das palavras (ênfase minha – PHA).”

O Premio Nobel de Economia Paul Krugmam – é um caso raríssimo de economista que sabe escrever (sem falar dos jornalistas de economia …) trata de outra questão que tem a ver com o Brasil.

Os propagadores do ódio e do preconceito ocuparam a tevê e o rádio nos Estados Unidos, observa Krugman.

Aqui também.

Ocuparam o PiG (*).

Lá, o exemplo mais exuberante é o da Fox, do australiano naturalizado americano Rupert Murdoch, um arqui-reacionário que infestou o ambiente político da Austrália, da Inglaterra e, mais recentemente, dos Estados Unidos.

É a Globo deles.

Todos os colonistas (**) da Fox, de manhã à noite, pregam a intolerância, a xenofobia e o preconceito contra os trabalhadores – e seus representantes políticos.

Como na Globo.

Na Fox, de manhã à noite, colonistas (**) de voz alta e cabelo engomado berram contra os pobres e Obama.

Krugman cita David Frum, que foi redator de discursos para o Bush:

“Antes, os Republicanos (tucanos) achavam que a Fox (Globo) trabalhava para eles. Agora, os republicanos (tucanos) descobriram que trabalham para a Fox (Globo).”

Pano rápido.

Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

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