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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, janeiro 03, 2011

IBRAHIM SUED ESTÁ MORTO E O BRASIL VAI BEM, OBRIGADO.

As novas gerações não o conheceram, nem as mais recentes.
Seu nome: Ibrahim Sued.
Filho de emigrantes árabes, falava e escrevia mais errado que Tiririca.
O companheiro Lula perto dele é Mestre dos Mestres, mas ao contrário de Lula, a burguesia o idolatrava.
Foi o maior colunista social que este País já teve. Um mestre na arte de escrever sobre o fútil.
Escreveu durante décadas em "O Globo".
Em comemoração aos 30 anos de sua coluna em "O Globo", em Junho de 1983 teve lugar uma memorável recepção no Copacabana Palace, onde compareceram personalidades como Roberto MarinhoEmílio Garrastazu Médici, Dulce Figueiredo e mais 1500 convidados que consumiram, entre outros, 600 garrafas de champanhe, 300 litros de vinho tinto francês, 120 quilos de camarão, 60 de lagosta, 10 de "foie gras", 210 patos além de copiosa variedade de frutas e saladas.
Pelos convidados de honra vê-se que era gente ("fina e progressista").
Mas o assunto em foco não é a biografia de Ibrahim, mas o que escreveu certo dia da década de sessenta e que ficou na minha memória para sempre.
Sendo um homem de direita fez uma visita à União Soviética e voltou de lá escandalizado e escrevia todos os dias contra o regime soviético.
Uma das acusações era de que lá, em cruel regime de trabalho, sob uma ditadura comunista,   as mulheres eram garis,  e operárias na construção civil.
Hoje no Brasil, as mulheres são garis, pedreiras e até presidentas.
E Ibrahim está morto.
"A Verdade é filha do Tempo..."


PS: embora Bóris Casoy tente, denegrindo garis e presidentas, seu atraso não chega aos pés do Ibrahim.
*Bemvindo

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