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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Kassab governando para a família Kassab:




+ do NUNkassab

A construtora da família do prefeito Gilberto Kassab (DEM), dona do imóvel que foi anistiado pela Prefeitura dois anos após o pedido de regularização haver sido negado e o prazo para recurso ter vencido, deixou de pagar R$ 3.143,93 de Imposto Sobre Serviço (ISS) sobre a área que estava irregular. Pela legislação, o auto de regularização para imóveis comerciais e de serviços, como a empresa do prefeito, depende da apresentação do comprovante de pagamento do imposto municipal.

O problema é que o cálculo do valor de ISS a ser recolhido foi feito quando Kassab e o deputado federal Rodrigo Garcia (DEM), seu ex-sócio na R&K Engenharia – hoje Yapê Engenharia –, entraram com requerimento na Subprefeitura da Vila Mariana para regularizar uma área de 229,82 m², em outubro de 2003, mas a taxa não foi paga à época. Em 8 de março de 2006, o pedido foi indeferido devido ao não atendimento ao comunique-se – documento emitido pela Prefeitura –, ou seja, abandono do processo.

Só que, em 13 de agosto de 2008, quando Kassab já era prefeito e disputava a reeleição, o processo indeferido foi considerado extraviado pela Comissão Permanente de Processos Extraviados (CPPE), órgão vinculado à Secretaria Municipal de Gestão, e, em seguida, foi reconstituído parcialmente. À época, o documento, cuja responsabilidade era da subprefeitura, estava há cerca de um ano engavetado na Secretaria Municipal de Habitação (Sehab).

Caducou

No dia 21 de agosto daquele ano, o Departamento de Aprovação das Edificações (Aprov), órgão ligado à Sehab, emitiu certificado afirmando que o ISS sobre a área irregular era “incobrável por decadência” (quando expira o prazo legal), porque havia passado o prazo de cinco anos que a Prefeitura tem para cobrar o imposto dos contribuintes. Hoje, além da Yapê Engenharia, funciona no local a Yapê Transportes, outra empresa em nome de Kassab – sócio majoritário – e mais três irmãos.
No dia 22 de agosto de 2008, a diretora substituta do Aprov à época, Lucia de Sousa Machado, emitiu despacho que deferiu o auto de regularização para o imóvel localizado na Rua Leandro Dupré, 765, Saúde (zona sul).

Ex-assessores

Tanto Lucia, arquiteta aposentada da Prefeitura que assinou o deferimento como diretora substituta, quanto o diretor titular de Aprov desde 2005, o advogado Hussain Aref Saab, foram assessores de Kassab quando ele ocupou o cargo de secretário municipal de Planejamento na gestão do ex-prefeito Celso Pitta (1997-2000), morto em 2009. Aref, como é conhecido, foi o responsável na pasta pelas Operações Interligadas, que permitiam a construção de imóveis acima do limite legal mediante contrapartida financeira à Prefeitura. Lucia era sua assessora técnica à época.

Na Câmara Municipal, que voltou ontem do recesso, o vereador Aurélio Miguel (PR), autor do pedido de investigação do caso ao Ministério Público Estadual (MPE), disse que pretende convocar os servidores na Comissão de Finanças e Orçamento da Casa para explicar a tramitação do processo nos departamentos da Prefeitura.
*osmigosdapresidentadilma

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