Um engenheiro de um empreiteira terceirizada morreu eletrocutado enquanto trabalhava nas obras da linha 4-amarela do metrô na madrugada desta terça. Ricardo Martins, de 40 anos, recebeu uma descarga de 20 mil volts. De acordo com a Folha de S. Paulo, o Metrô informou que, “por intermédio do Consórcio Via Amarela, tomará todas as providências cabíveis e dará todo o apoio necessário à família”.
Todas as providências cabíveis. Relembrar é viver:
Um operário morreu no dia 13 de dezembro do ano passado nas obras de expansão da linha verde do metrô de São Paulo, quando uma barra de metal de quase uma tonelada caiu de um guindaste e o atingiu próximo da futura estação Vila Prudente. A empresa Galvão Engenharia, falou em “fatalidade”.
Em janeiro de 2007, sete pessoas morreram após serem engolidas por uma cratera aberta na futura estação Pinheiros da linha amarela do metrô. O consórcio Via Amarela (Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Alston – ufa!) chegou a culpar a natureza, o terreno, as chuvas, rochas gigantes, enfim, as grandes forças do universo pela tragédia.
Em outubro de 2006, um operário morreu soterrado após um túnel de 25 metros de profundidade na futura estação Oscar Freire desabar. Os responsáveis pela obra, na época, negaram-se a dar qualquer justificativa.
As obras da linha amarela estão deixando um rastro de “fatalidades” desde que começaram.
Durante a campanha eleitoral, chove gente clamando para si a responsabilidade pelas obras. Falta filho para tanto pai – aparece mãe federal, pai estadual, padrinho municipal. Abusa-se da primeira pessoa do singular. Mas na hora de encontrar responsáveis por óbitos, de discutir obras apressadas ou mal feitas, tudo desaparece rapidamente, feito os ratinhos que vivem em túneis de trem. O sujeito passa a ser indeterminado. Culpa-se os elementos ocultos e as forças da natureza. O Imponderável da Silva. Então tá.
Tempos atrás, descobri o problema. A causa por tudo o que acontece em baixo da terra é da “Entidade Saramaligna do Metrô” (em homenagem ao mestre Chico Anysio), espírito ruim que habita o subterrâneo de São Paulo, que toca o terror e faz acontecer todas as tragédias que ocorrem por lá. As pobres empresas construtoras tentam, de todas as formas, espantar a Entidade para longe, mas seus esforços são em vão. O encosto é mais forte. Ela se fortalece com filas gigantescas, vagões lotados, uma malha de tamanho ridículo, operários que trabalham no limite e sem a devida segurança.
E, é claro, com os polpudos ganhos de construtoras oriundos de governos eleitos com financiamento das próprias e, por isso, imensamente agradecidos.
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