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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, novembro 17, 2011

Bastiões da democracia? Idosa de 84 anos é agredida por policiais nos EUA

Sanguessugado do Pragmatismo Político
Agredida e humilhada, Dorli Rainey (84) afirma que seguirá lutando
A polícia de Seattle reprimiu duramente uma manifestação organizada por indignados do movimento “Occupy” nesta terça-feira. Uma mulher de 84 anos, uma grávida e um padre foram atacados com gás de pimenta pelas forças de segurança. A imagem e as informações são do jornal Seattle PI.
A foto de Dorli Rainey, a mulher de idade, sendo carregada por dois manifestantes e com resquícios do produto químico em seu rosto tornou-se uma das imagens-símbolo do movimento civil, que se espalha por todas as grandes cidades dos Estados Unidos e luta contra a desigualdade social no país.
“É uma imagem horrível. Eu não sou tão feia assim”, disse Dorli, ex-professora, em uma entrevista à agência Associated Press. Ela é uma ativista conhecida no círculo político da cidade, e se descreve como “uma velha senhora em botas de combate”. Ela afirmou, mesmo após o incidente, que continuará a participar dos protestos. “Sou bem durona”.
Os confrontos ocorreram à tarde, quando os manifestantes se dirigiam de um acampamento no Colégio da Comunidade Central de Seattle até o parque Westlake. A polícia os interceptou quando duas marchas de manifestantes se encontraram em uma esquina, bloqueando a passagem.
O nível de tensão aumentou e a polícia começou a disparar o gás para dispersar a multidão.Ao menos doze pessoas foram atingidas pela fumaça.
“O gás de pimenta foi disparado apenas contra indivíduos que se recusavam a obedecer a ordem para dispersar ou que tinham um comportamento ofensivo em relação aos oficiais”, afirmou o porta-voz da polícia local, Jeff Kappel. Segundo ele, seis pessoas foram presas.
Uma menor de 17 anos, que também reclamou deter levado uma rajada de gás, foi detida,segundo os policiais, porque teria erguido um pedaço de madeira ameaçando os policiais.
Os manifestantes marchavam em apoio aos ocupantes do parque Zuccotti, em Nova York, que tiveram de deixar o local pela polícia e foram proibidos de acampar no local após determinação judicial.
Na segunda-feira, a Câmara de Vereadores de Seattle aprovou, por unanimidade, uma resolução em apoio ao movimento “Occupy”, reconhecendo o direito à liberdade de expressão na primeira emenda da Constituição, além de incentivar uma série de medidas para assegurar taxações mais justas.

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