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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 16, 2011

Campanha contra o ódio exibe cartaz com 'beijo gay' do Papa

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Imagem do papa Bento XVI beijando o Imã do Cairo, Safwad Hagazi, foi estendida na Ponte dell'Angelo, em Roma. Foto: Reprodução
Imagem do papa Bento XVI beijando o Imã do Cairo, Safwad Hagazi, foi estendida na Ponte dell'Angelo, em Roma
Foto: Reprodução

A empresa italiana Benetton lança nesta quarta-feira uma polêmica campanha contra o ódio e o preconceito com cartazes espalhados pelas cidades de Roma e Milão que trazem figuras internacionais trocando "beijos gays", entre elas o papa Bento XVI.
Uma faixa com a montagem do papa Bento XVI beijando o Imã do Cairo, Safwad Hagazi (a autoridade muçulmana do Egito), foi estendida na Ponte dell'Angelo, em Roma, localizada nas proximidades do Vaticano. A imagem faz parte da campanha "Unhate" da Benetton.
Apesar de ainda não ter sido divulgada oficialmente - o site oficial da empresa está apenas com uma contagem regressiva em sua capa (o relógio deve chegar a zero por volta das 14h no horário de Brasília) -, pedestres curiosos já fotografaram os cartazes e as imagens foram divulgados pela mídia italiana.
Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da China, Hu Jintao, também aparecem se beijando em outro cartaz que teve a imagem divulgada nesta quarta-feira.
Terra

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