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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, novembro 19, 2011

Comunidade Kaiowá Guarani sofre massacre

Do CIMI
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No início da manhã desta sexta-feira (18), por volta das 6h30, a comunidade Kaiowá Guarani do acampamento Tekoha Guaviry, município de Amambaí, Mato Grosso do Sul, sofreu ataque de 42 pistoleiros fortemente armados.



Nizio Kaiowá, via @henyobarretto 



O massacre teve como alvo o cacique Nísio Gomes, 59 anos, (centro da foto) executado com tiros de calibre 12. Depois de morto, o corpo do indígena foi levado pelos pistoleiros – prática vista em outros massacres cometidos contra os Kaiowá Guarani no MS.

As informações são preliminares e transmitidas por integrantes da comunidade – em estado de choque. Devido ao nervosismo, não se sabe se além de Nísio outros indígenas foram mortos. Os relatos dão conta de que os pistoleiros sequestraram mais dois jovens e uma criança; por outro lado, apontam também para o assassinato de uma mulher e uma criança.

“Estavam todos de máscaras, com jaquetas escuras. Chegaram ao acampamento e pediram para todos irem para o chão. Portavam armas calibre 12”, disse um indígena da comunidade que presenciou o ataque e terá sua identidade preservada por motivos de segurança.


Conforme relato do indígena, o cacique foi executado com tiros na cabeça, no peito, nos braços e nas pernas. “Chegaram para matar nosso cacique”, afirmou. O filho de Nísio tentou impedir o assassinato do pai, segundo o indígena, e se atirou sobre um dos pistoleiros. Bateram no rapaz, mas ele não desistiu. Só o pararam com um tiro de borracha no peito.

Na frente do filho, executaram o pai. Cerca de dez indígenas permaneceram no acampamento. O restante fugiu para o mato e só se sabe de um rapaz ferido pelos tiros de borracha – disparados contra quem resistiu e contra quem estava atirado ao chão por ordem dos pistoleiros. Este não é o primeiro ataque sofrido pela comunidade, composta por cerca de 60 Kaiowá Guarani.

Decisão é de permanecer

Acampamento antes do massacre
Desde o dia 1º deste mês os indígenas ocupam um pedaço de terra entre as fazendas Chimarrão, Querência Nativa e Ouro Verde – instaladas em Território Indígena de ocupação tradicional dos Kaiowá.

A ação dos pistoleiros foi respaldada por cerca de uma dezena de caminhonetes – marcas Hilux e S-10 nas cores preta, vermelha e verde. Na caçamba de uma delas o corpo do cacique Nísio foi levado, bem como os outros sequestrados, estejam mortos ou vivos.

“O povo continua no acampamento, nós vamos morrer tudo aqui mesmo. Não vamos sair do nosso tekoha”, afirmou o indígena. Ele disse ainda que a comunidade deseja enterrar o cacique na terra pela qual a liderança lutou a vida inteira. “Ele está morto. Não é possível que tenha sobrevivido com tiros na cabeça e por todo o corpo”, lamentou.

A comunidade vivia na beira de uma Rodovia Estadual antes da ocupação do pedaço de terra no tekoha Kaiowá. O acampamento atacado fica na estrada entre os municípios de Amambaí e Ponta Porã, perto da fronteira entre Brasil e Paraguai.




Que índio o índio quer para o Brasil?
Cismou de grassar por aí um proselitismo mofado e demagógico, da era jurássica do movimento ambientalista.

Aqui e ali, personalidades falam de índio como peça decorativa, como coadjuvante colorido de novela global.

Política indigenista para madame é deixar o índio "bonitinho", na beira do rio, pelado, posando os fotógrafos da National Geographic.

É gente que nunca esteve numa comunidade indígena de verdade. É gente que não sabe a diferença que faz, por exemplo, a penicilina num ajuntamento humano.

Essa teoria de "deixar o índio viver a sua vida" parece politicamente correta, mas somente parece.

Índios morrem de doenças tratáveis em um posto de saúde. Índios se suicidam quando não veem perspectivas de vida. Índios (vejam só!) gostam de ter energia elétrica.

Índio (muito longe da estupidez da letra do Ultraje a Rigor), gosta de viver de forma sustentável, recebendo a justa retribuição por seu esforço laboral.

Belo Monte, por exemplo, tem um grande projeto de manejo de comunidades nativas.

Porque o país de hoje mudou. Ouve seus índios, tentar incluí-los na sociedade, facilita-lhes o acesso à universidade e ao mundo digital.

Nem tudo são rosas e ainda há muita desolação, pobreza e desrespeito. Ninguém nega. Mas existe quem se preocupe, seja na Pastoral Indigenista, seja na Funai, seja no STF, seja no Ministério da Justiça ou no Ministério da Agricultura.

O Brasil oficializou como terras indígenas 109.741.229 hectares, cerca de 13% da área total do país. Isso para 800 mil índios, o equivalente a 0,4% da população brasileira.

Curiosamente, a maior parte das "ONGs" que se espalham pela Amazônia tem origem nos EUA, um país que NÃO FEZ sua lição de casa na questão indigenista.

Começou com os extermínios do general Custer e prosseguiu com políticas de segregação ou de inclusão forçada, destinadas a suprimir a cultura nativa.

Ainda hoje, os descendentes dos Sioux, Cheyenne e Apache são tratados na base do cassetete e do spray de pimenta quando se reúnem para reclamar da miséria, do descaso e do preconceito.

As celebridades da Globo parecem entender o índio como aquela figura excêntrica que fuma o cachimbo da paz e dança em volta da fogueira, nos filmes da Sessão Coruja.

Assim como seus mentores corporativos nem pensam em chutar o nativo quando o interesse direto é o do agrobusiness.

Aí, não se vê sutiã arrancado nem cara nem caretas, porque o que abunda é a hipocrisia.
Walter Falceta
*Grupobeatrice

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