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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 09, 2011

A emboscada tucana na USP

Conjunto Residencial dos Estudantes da USP completamente cercado durante emboscada da Tropa de Choque para desocupar o prédio da reitoria.
Toda a região próxima da reitoria foi isolada pela Cavalaria e pela Tropa de Choque para impedir o acesso daqueles que queriam se juntar aos estudantes ocupados ou só mesmo permanecer por perto para que os direitos humanos não fossem violados.
 
*comtextolivre

Alckmin dá “aula de democracia” na USP

Por Altamiro Borges

Perguntado sobre a truculenta invasão da tropa de choque da PM ao campus da USP, o governador Geraldo Alckmin deu a seguinte resposta à imprensa agora à tarde: “Eu entendo que os estudantes precisam ter aula de democracia... Eles precisam ter aula de respeito à ordem judicial. É lamentável que tenha que chegar ao ponto da polícia ter que ir lá para cumprir uma decisão judicial”.



O tucano não é propriamente um entendido em democracia. Ele se projetou politicamente durante a ditadura militar, inclusive com apoio de notórios golpistas da sua tradicional família. Com o passar do tempo, Alckmin se tornou um simpatizante do Opus Dei, uma seita de direita com origem na ditadura franquista da Espanha. Usou até o Palácio dos Bandeirantes para as pregações do grupo.

Imagens lembram tempos sombrios

No caso da invasão da USP nesta madrugada, no qual foram utilizados mais de 400 soldados, armas pesadas e até helicópteros, também não é aconselhável falar em “aula de democracia”. As imagens lembram o período sombrio do regime militar, lembram a invasão da PUC-SP em 1977, comandada pelo falecido coronel Erasmo Dias, um ex-aliado do atual governador tucano.

Segundo relatos de deputados que acompanharam os 73 estudantes da USP presos hoje, eles foram tratados como “marginais”. Eles ficaram o dia todo trancados em ônibus em frente à 91ª Delegacia de Polícia, na zona oeste da capital. “Estamos num Estado democrático de direito. Não dá para tratar os jovens como se estivéssemos na ditadura”, criticou o deputado Adriano Diogo (PT).

Ação e punições desproporcionais

Para o parlamentar, a ação da tropa de choque e as punições aos estudantes – como a exigência de fiança de um salário mínimo – são desproporcionais. “Parece que o único objetivo do governo estadual é punir. Estão todos trancados dentro de um ônibus o dia todo, sem alimentação adequada. Prenderam até mesmo a mãe de um aluno que estava nervosa com a situação”.

“Houve inabilidade da reitoria ao lidar com os estudantes e a policia está agindo como na época da ditadura militar, procurando os ‘cabeças do movimento’. O reitor da USP deveria ser o primeiro a tentar soltar os garotos e não criminalizá-los. O número de artigos que eles foram incluídos é absurdo”, completa o deputado. Os estudantes podem pegar pena de até três anos prisão.

Excitação dos “indigentes mimados”

Baita “aula de democracia” do governador Geraldo Alckmin. E ele até disputou uma eleição presidencial e ainda não desistiu desta ambição. O Brasil que se cuide. A democracia do tucano é bem truculenta e rancorosa. Não é para menos que agrada tanto alguns histéricos da direita nativa e certos “indigentes mimados” da mídia corporativa - como Gilberto Dimenstein, Josias de Souza e o pitbull da Veja.

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